Venda de dívida pode fazer a WTorre perder gestão do Allianz Parque? Entenda o cenário

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Empresa controlada pelo grupo BTG substituiu Banco do Brasil como credor do financiamento feito pela empresa de construção para erguer o estádio

A Enforce, empresa de gestão de créditos corporativos controlada pelo Banco BTG, comprou a dívida que a WTorre mantinha com o Banco do Brasil, referente ao financiamento para construção do Allianz Parque, estádio do Palmeiras. A informação, trazida inicialmente pelo colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, e confirmada pelo Estadão, levantou a discussão sobre uma possível troca de gestão do estádio, hoje sob a responsabilidade da empresa de engenharia.

Procurada pela reportagem, a WTorre disse estar “rigorosamente em dia nos pagamentos de seus financiamentos contratados até então com o Banco do Brasil” e se manifestou sobre possibilidade de perder a operação do estádio. “A WTorre lamenta especulações e ameaças vazadas à imprensa. Eventual negociação do crédito do Banco do Brasil tornaria uma nova instituição financeira apenas a credora do financiamento, sem nenhum direito de gestão sobre o Allianz Parque.” Também contatado, o BTG afirmou que não fará comentários sobre o assunto.

Em resumo, a empresa de engenharia vinha pagando normalmente sua dívida, no valor de R$ 650 milhões, com o Banco do Brasil, portanto está adimplente. Agora, o BTG Pactual comprou esta dívida, por uma quantia menor e a prazo mais curto, e passa a ser o credor.

Ou seja, o BTG apenas substituiu o banco estatal como instituição à qual a WTorre terá de efetuar os pagamentos e não receberá nenhum direito sobre a administração da arena palmeirense, possibilidade que se abriria apenas em caso de inadimplência. No cenário em que a empresa não paga o banco em dia, o estádio entra como garantia.

A WTorre tem um contrato em vigor com o Palmeiras, no qual assumiu o compromisso de construção, exploração e gestão do Allianz Parque até 2044. Para cumprir o primeiro item, fez o financiamento junto ao Banco do Brasil e conseguiu inaugurar o estádio em 2014. Além de jogos, o espaço recebe shows e eventos.

A relação entre o clube paulista e a empresa estremeceu entre o final de 2023 e o início de 2024, mas a tensão esfriou nos últimos meses. O Palmeiras cobra R$ 160 milhões da Real Arenas, empresa criada pela WTorre para controlar as atividades do Allianz Parque até 2044. O valor, cobrado na Justiça de São Paulo, é referente a repasses devidos desde 2015 e ainda não pagos para o clube.

No início do ano, o clube deixou de jogar no Allianz Parque após reclamações sobre o gramado do estádio e só voltou a mandar seus jogos lá depois que a Real Arenas instalou um novo gramado, com cortiças importadas de Portugal.