Thiago Silva é exemplo de muita coisa no futebol mundial, em especial longevidade. A poucos meses de completar 40 anos, o zagueiro atuava até pouco tempo na Premier League, o campeonato mais competitivo do mundo, e topou voltar ao Fluminense, clube em que despontou para se tornar um dos maiores de sua posição no mundo.
Será o retorno do defensor ao Brasil, onde, há dez anos, viveu o que esperava ser o auge da carreira de um atleta, mas que se tornou um pesadelo em sua vida.
Na Copa do Mundo de 2014, Thiago Silva entrou como capitão e um dos grandes nomes da seleção brasileira e saiu manchado por uma eliminação pesada, com direito a 7 a 1 para a Alemanha – quando nem estava em campo, suspenso. Mas a fama de “chorão”, ao não conter as lágrimas após a disputa de pênaltis contra o Chile nas oitavas de final, colou. E até hoje o incomoda.
Em participação no programa “Encontros Premier League“, o futuro zagueiro do Fluminense, que desembarca no Rio de Janeiro nos próximos dias, voltou a rebater a fama pejorativa que ganhou após o Mundial de 2014 e lembrou o quanto precisou de um mental forte para não se deixar abater pelas críticas.
“Me incomodou ser taxado assim: ‘Ah, chorou, é fraco, não tem psicológico para jogar’. Para quem venceu a tuberculose, se eu fosse fraco mentalmente, não teria voltado e atingido o nível que atingi na minha carreira”, falou o defensor.
Thiago Silva é um dos personagens da série ‘Encontros Premier League’, produção especial da ESPN em parceria com a organizadora do Campeonato Inglês, que conta um pouco da vida dos brasileiros na principal liga do mundo e vai muito além de bola e campo. Pentacampeão mundial e ídolo do Arsenal, Gilberto Silva foi quem conduziu as entrevistas com o zagueiro e mais Alisson, Casemiro e Willian. Todos os episódios estarão disponíveis pela ESPN no Star+ a partir deste sábado (18 de maio).
“Muitas vezes, a lágrima é você ter coragem de colocar para fora. Nem todo mundo tem coragem de colocar. Muita gente esconde isso e eu nunca fui assim, sempre fui muito verdadeiro com os meus sentimentos. A situação que causou isso tudo foi o pênalti contra o Chile, que nós ganhamos. Imagine se tivesse perdido? Então, se tivesse vencido a Copa do Mundo, o choro era de compromisso. Então vai de acordo com o que a pessoa quer passar de informação, sabe? Por isso que eu não aceito. Por parte do torcedor faz parte, a gente aceita. Mas quando é uma pessoa que trabalha na televisão, que você forma opinião, é constrangedor”, criticou Thiago, para depois dividir como superou a situação.
“Tempo me ensinou a ser forte. Porque no início, apesar de ser capitão da seleção no Mundial de 2014, eu era jovem e de repente não tinha aprendido tanto. Talvez eu tenha criado uma expectativa que tudo ia ser flores. A gente sabe que no futebol não é. Não adianta eu falar para o menino aqui que que vai acontecer isso, que ele precisa ser forte. Eu posso preparar ele de alguma forma, mas quando acontece, só ele pode dar a resposta”.
Dez anos se passaram desde aquele episódio. Thiago Silva, que já era um dos maiores zagueiros do mundo, continuou no patamar e brilhou com as camisas de PSG e Chelsea, onde ganhou a tão sonhada Champions League, em 2021.
Muitos acreditam que o brasileiro fracassaria na Inglaterra, por já chegar com uma idade avançada a uma liga que é altamente competitiva. Thiago Silva, ele mesmo garante, não tem segredo, mas sim uma receita: cuidar do corpo a todo momento, não só quando está no clube.
O defensor conta com diversos aparelhos em sua casa para ajudá-lo a se recuperar da melhor maneira possível. Se pudesse aconselhar a futura geração, por sinal, Thiago Silva diria para trocar gastos supérfluos por investimentos assim.
“Eu tenho praticamente uma fisioterapia em casa completa. Muitas vezes, os jovens acham que você está jogando dinheiro no lixo, tendo em casa alguma coisa de recuperação que você tem que comprar. E não, é o contrário. É investimento para tua carreira. Os jovens gastam dinheiro com outras coisas inúteis. E quando é para você, para o teu corpo, para a tua profissão, você acha que está jogando dinheiro fora? Não, é o contrário. Então, se eu posso passar alguma coisa, se as pessoas querem pegar alguma coisa, que pegue essa situação, porque é importante para a carreira”.
