Tebas fala em ‘proteção’ a Vinicius Jr. e ‘casos isolados’ de racismo

Esportes

Javier Tebas, presidente da LALIGA, disse à ESPN que “muito progresso” foi feito em relação ao racismo no futebol espanhol, mas admite que ainda há muito trabalho a ser feito para erradicá-lo.

A Federação Espanhola de Futebol (RFEF) puniu o Getafe, que disputa o Campeonato Espanhol, e o Sestao River, da terceira divisão, na quarta-feira (3), após incidentes racistas em seus respectivos estádios na rodada do último final de semana.

O racismo no futebol tem sido um problema recorrente na Espanha. Vinicius Jr., atacante da seleção brasileira e do Real Madrid, tem sido o grande alvo dos racistas. Segundo Tebas, a intenção da competição é de “protegê-lo ainda mais”. Questionado se a Espanha é um país racista, Tebas disse à ESPN: “Não, absolutamente não”.

Sobre as ofensas ocorridas nos estádios do país europeu, o “chefão” de LALIGA tratou os casos como “isolados”, mas demonstrou preocupação com o tema.

“Mas estou preocupado com qualquer questão racista e, de fato, estamos realizando uma grande campanha contra o racismo. Não há mais cantos em estádios. Quase todos que compareciam gritavam de forma depreciativa uns com os outros por todo o estádio.

“E erradicamos isso. Isso existia há 10 ou 12 anos. Agora há muito mais [casos] isolados. Acredito que esses eventos que ocorreram de forma sucessiva não serão um problema contínuo em todos os jogos, longe disso, como nunca foram”.

No entanto, os incidentes continuam a acontecer, sendo que o último ocorreu poucos dias depois do amistoso entre Espanha e Brasil, que teve uma campanha contra o racismo como enfoque. Vinícius deu uma emocionante coletiva de imprensa antes do jogo, destacando os frequentes abusos racistas que sofre no país.

“Obviamente está tendo muito impacto porque é preciso saber que a maioria desses insultos também está sendo dirigida a alguém que decidiu liderar a luta contra o racismo, que é Vinícius”, disse Tebas.

“E nós, que lideramos assuntos ou temas, estamos sempre mais vulneráveis a insultos, mas isso deve ser evitado porque Vinícius não merece os insultos”.

“Também é muito importante proteger esses jogadores que são formadores de opinião nessa luta contra o racismo, porque eles são os mais vulneráveis. Então é preciso estar muito em cima deles e o Vinícius sabe, tentamos protegê-los o máximo possível”.

Tebas aplaudiu os últimos veredictos do comité disciplinar da Federação Espanhola. O Getafe recebeu ordem de fechar parcialmente sua arquibancada central por três partidas, após os abusos raciais e xenófobos dirigidos ao técnico do Sevilla, Quique Sánchez Flores, e ao jogador Marcos Acuña.

Enquanto isso, o Sestao River fechou o estádio por dois jogos depois que o goleiro do Rayo Majadahonda, Cheikh Sarr, foi alvo de torcedores da casa.

“É uma boa notícia que já estejam sendo tomadas medidas de fechamento de estádios, uma questão que já exigimos há algum tempo”, disse Tebas.

O mandatário disse ainda que os abusos racistas sofridos por Vinicius no estádio Mestalla durante uma partida de LALIGA, contra o Valencia, em maio de 2023, foram um marco para uma mudança nas ações.

“O que estávamos fazendo não era suficiente”, disse Tebas. “Tínhamos que fazer mais. Tivemos que trabalhar muito mais, não só na prevenção, na detecção, nas denúncias e nos poderes que exigimos para tomar medidas… já denunciamos muitos crimes de ódio perante Vinicius e depois faremos o mesmo”.

LALIGA relatou vários incidentes racistas aos tribunais espanhóis, mas muitos desses casos foram arquivados. “Às vezes descobrimos que a promotoria considerou, bem, que esses insultos não eram grande coisa”, disse Tebas.

“Temos sido incansáveis nesta questão e continuaremos a fazê-lo, mas sempre nunca é suficiente, mas continuaremos a trabalhar e a ampliar o nosso raio de atuação”.

“Desde o momento em que denunciamos [o episódio racista] até que estes torcedores não possam entrar no estádio, passa-se um ou dois anos. Esses intervalos devem ser encurtados. Esses elementos de dissuasão são muito importantes”.

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