Socialistas saúdam “nova era“ na Catalunha; apoio a separatistas enfraquece

Distrito Federal

O Partido dos Socialistas da Catalunha ganhou a maior parte dos votos nas eleições catalãs de domingo (12), desferindo um duro golpe em mais de uma década de governo separatista e nos sonhos de independência ainda mantidos por alguns na próspera região nordeste.

Os Socialistas, liderados localmente por Salvador Illa, conquistaram 42 dos 135 assentos da Câmara, com mais de 99% dos votos contados, enquanto o partido separatista de linha dura Junts ficou em segundo lugar com 35 assentos. Já o partido separatista mais moderado Esquerra Republicana de Catalunya (ERC) obteve 20 cadeiras.

O maior partido de oposição da Espanha, o conservador Partido Popular, também teve um bom resultado, registrando o maior aumento desde a última votação em 2021, passando de três para 15 assentos no domingo.

A participação na votação foi notavelmente baixa, com 58%.

O resultado parece representar uma ameaça existencial à governança separatista na Catalunha, que liderou um referendo ilegal de independência em 2017 e uma declaração de independência que causou a pior crise institucional da Espanha em mais de 30 anos. No entanto, mais recentemente, o movimento perdeu energia e unidade.

A vitória dos Socialistas também representa uma reivindicação do controverso primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, para normalizar as relações com a inquieta região da Catalunha, incluindo o perdão para condenações relacionadas ao movimento de independência e, mais recentemente, uma anistia controversa que inclui outros ainda enfrentando processos judiciais.

Falando após a conclusão da contagem de votos, Illa saudou uma “nova era” para a região. No entanto, com nenhum partido detendo uma maioria absoluta de 68 assentos e com profundas divisões ideológicas entre as legendas, o risco de a votação precisar ser repetida permanece, caso um governo de coalização não seja formado.

Os partidos separatistas combinados do ERC, Junts, CUP de extrema-esquerda e Alianca Catalã de extrema-direita, também não têm os 68 assentos necessários para poder formar um governo.

Os Socialistas de Illa também precisarão negociar um acordo – muito provavelmente com o ERC – mas os partidos separatistas até agora rejeitaram qualquer sugestão de ajudar o partido governista nacional na Catalunha.

Em vez disso, Illa poderia tentar formar uma aliança não convencional, não apenas com a extrema-esquerda Sumar, seu parceiro de coalizão no governo nacional, mas também com o conservador Partido Popular e a extrema-direita Vox, com quem os socialistas há muito disseram que não negociariam.

Na noite de domingo, o líder do ERC, Pere Aragones, presidente cessante da Catalunha, disse aos repórteres que seu partido passaria para a oposição, descartando, efetvamente, o apoio aos socialistas.

O líder do Junts, Carles Puigdemont, disse que seu partido teve um bom desempenho, mas a participação entre os eleitores separatistas permaneceu baixa e, sem uma forte demonstração de apoio pelo ERC, AC e CUP, suas opções eram limitadas.

Ele disse anteriormente que se não vencesse as eleições e os socialistas se aliassem ao PP para liderar a região, ele poderia retirar seu apoio de seu governo nacional minoritário – oferecido após eleições nacionais inconclusivas em julho, arriscando uma nova instabilidade no país.

O analista político e historiador Joan Esculies afirmou que, seja qual for o próximo passo, a manchete da noite foi o enfraquecimento do sentimento separatista catalão: “o movimento pró-independência ficou sem ideias para convencer ou mobilizar as pessoas como faziam antes.”