Rota do tráfico no RJ envolve endereços nobres e até ex-prefeito, segundo a polícia

Distrito Federal

A operação Rotas do Rio, deflagrada nesta terça-feira (21) pela Polícia Civil, terminou com quatro presos, sendo três em flagrante, meio de milhão de reais em drogas apreendidos e a descoberta de como funciona parte da estrutura do Comando Vermelho, a maior facção criminosa do estado.

“O objetivo é não só apreender materiais ilícitos e prender os grandes responsáveis pelo trânsito e pelo comércio ilegal de drogas, mas também desmantelar a estrutura financeira que possibilita essa compra e essa venda ilegal”, disse o secretário da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Marcos Amim.

Durante seis meses de investigação, a polícia mapeou a rota do droga (especialmente skank –que é um tipo de maconha mais potente– e cocaína) que é vendida não só nas comunidades, mas também em áreas nobres do Rio de Janeiro.

Segundo a polícia, o Comando Vermelho atuava em conjunto com a facção Comando Vermelho do Amazonas (CVAM), que se aliou à organização criminosa do Rio de Janeiro depois de uma disputa no Norte do país.

As investigações mostram que os criminosos do CVAM eram os responsáveis por obter a droga na tríplice fronteira, depois utilizavam o Rio Solimões como forma de escoamento do entorpecente até Manaus. Antes de chegar ao Rio, a droga ainda passava pelo Centro-Oeste do país. Um esquema criminoso que envolvia não só muito dinheiro, mas também pessoas influentes.

De acordo com as investigações, os criminosos lavavam o dinheiro do tráfico através do pagamento a pessoas e empresas. Entre elas está o ex-prefeito de um município no interior do Amazonas.

Ele é suspeito de utilizar um frigorífico no Amazonas para lavar dinheiro do Comando Vermelho. Pouco antes da operação que teve a casa dele como um dos alvos, o ex-prefeito viajou para Brasília.

“A gente sabe que ele saiu de casa às 3 da manhã para pegar um voo com destino ao Distrito Federal. Ele tem muita influência política, inclusive, estava em um cargo comissionado na prefeitura. Ele foi prefeito por duas vezes e nas duas vezes foi cassado por abuso de poder econômico. Há possibilidade de vazamento da operação”, destacou o secretário da Polícia Civil.

Ao todo, foram cumpridos 99 mandados de busca e apreensão no Amazonas, Pará, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Na capital fluminense, os alvos foram endereços no Morro dos Prazeres e na comunidade do Fallet-Fogueteiro, em Santa Tereza, na região central da cidade, e em bairros nobres. Segundo a polícia, apartamentos em Ipanema e em Copacabana funcionavam como pontos de Disque-Drogas.

Entre os presos na ação está Juan Roberto Figueira da Silva, o Cocão, apontado como chefe do tráfico no Morro dos Prazeres. Contra ele, havia cinco mandados de prisão preventiva em aberto.

De acordo com a polícia, a ideia é impedir a expansão do Comando Vermelho que, em apenas dois anos, movimentou cerca de R$ 30 milhões em atividades ilícitas.