Racha no PCC: quem é Vida Loka, ex-número 2 e agora rival de Marcola

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São Paulo – Condenado a mais de 70 anos de prisão, Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka, é descrito como preso de “altíssima periculosidade”, já que foi o braço direito de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, e, atualmente, é um dos dissidentes que tentam tomar o poder no Primeiro Comando da Capital (PCC).

O racha na alta cúpula da organização criminosa é provocado por uma disputa que põe Marcola contra três antigos aliados: Roberto Soriano, o Tiriça, Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, além de Vida Loka. Os dissidentes acusam o chefão do PCC de ter atuado como “delator”.

Vida Loka entrou na facção com aval do próprio Marcola, por quem foi batizado no crime. Com a ascensão do padrinho ao posto de maior liderança, em 2002, ele se tornou um dos sete homens de confiança convocados para a chamada Sintonia Final Geral – a mais alta prateleira do PCC.

Segundo a investigação, cabia ao criminoso repassar a ordem de Marcola para outros integrantes da cúpula. Também ficou responsável por formar a chamada “Sintonia dos Gravatas”, composta por advogados ligados à facção, além da célula que levanta endereço de autoridades para ordenar ataques.


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Penitenciária federal

Na facção, Vida Loka também é conhecido pela alcunha de “General”. Considerado de “altíssima periculosidade”, ele já rodou por quatro das cinco penitenciárias do sistema federal. Atualmente, Vida Loka e Marcola estão presos em Brasília. Antes, ele havia passado por Catanduvas (PR), Mossoró (RN) e Porto Velho (RO).

Na sua ficha criminal, constam passagens por latrocínio, associação criminosa, tortura, roubo, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro. As condenações incluem episódios em que Vida Loka, já dentro da prisão, ordenou assassinatos de rivais.

O prazo da reclusão de Vida Loka em presídio de segurança máxima expira no dia 27 de maio. Nesta segunda-feira (15/4), o Ministério Público de São Paulo (MPSP) emitiu parecer favorável à renovação da sua a permanência no sistema mais duro.

No parecer, obtido pelo Metrópoles, o promotor Andre Luis de Souza, do MPSP, diz que Vida Loka tem “perfil radical” e exerce “atividade de comando”, com “diversos poderes de mando”.

Racha no PCC

O principal motivo do conflito, que já é considerado histórico, seria um diálogo gravado entre Marcola e policiais penais federais, na Penitenciária Federal de Porto Velho (RO). Na ocasião, o líder máximo do PCC afirma que Tiriça, outro antigo aliado, seria um “psicopata”.

A declaração foi usada por promotores durante o julgamento de Tiriça, que foi condenado a 31 anos e 6 meses de prisão, em 2023, por ser o mandante do assassinato da psicóloga Melissa de Almeida Araújo.

O promotor Lincoln Gakiya, considerado o maior especialista no combate ao PCC, afirma que ao menos outros dois chefões apoiam os dissidente: Daniel Vinicius Canônico, o Cego, e Valdeci Alves dos Santos, de 52 anos, o Colorido.

Condenado por assassinar um juiz no interior paulista, o líder Reinaldo Teixeira dos Santos, o Funchal, também teria se voltado contra Marcola. Ele, no entanto, voltou atrás depois, de acordo com o promotor.

O conflito na alta cúpula do PCC foi citado no parecer do MPSP. “É dos autos, ainda, informações de desinteligência com pessoas do PCC [Marcola], com a determinação de execução por parte de Abel, bem como este também está com sua vida em risco, uma vez que existe ordem para sua execução”, registra.

Decretado

O parecer do promotor tem como base relatório de inteligência da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), órgão vinculado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, assinado no dia 5 de abril. No documento, Vida Loka é descrito como um preso de “altíssima periculosidade”.

“No âmbito do Sistema Penitenciário Federal, dados indicam que Abel Pacheco de Andrade, juntamente com outros líderes do PCC, teriam emitido um ‘salve’ decretando a morte e exclusão de Marco Willians Herbas Camacho (Marcola) do Primeiro Comando da Capital, devido a uma ruptura na estrutura da cúpula do PCC”, diz.

“No entanto, dados recentes apontam também que Marcola, ao tomar conhecimento deste ‘salve’, teria determinado a exclusão de Abel da organização criminosa Primeiro Comando da Capital. Referida situação estaria ocasionando um ‘racha’ na orcrim [organização criminosa], havendo disputa de forças entre as principais lideranças do PCC.”

Ainda de acordo com o relatório, Abel é alvo de inquérito por supostamente ter cometido falta grave no sistema federal.

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Ele responde por “incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a disciplina”, “deixar de prestar obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com quem deva relacionar-se” e “praticar fato previsto como crime doloso”.