Dez dias antes do fatídico 8 de Janeiro, o então comandante de Operações da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), coronel Jorge Eduardo Naime, criticou a manutenção do acampamento de apoiadores de Bolsonaro em frente a Quartel-General do Exército.
Em ofício enviado ao comandante-geral da PMDF, coronel Fábio Augusto Vieira, no dia 29 de dezembro de 2022, Naime afirmou que o cancelamento da operação de retirada do acampamento, naquele mesmo dia, representava um “desgaste institucional”, uma vez que o Exército teria recuado.
![PMDF](https://uploads.metropoles.cloud/wp-content/uploads/2023/05/19120039/Naime-2-1024x683.jpeg)
Naime 2
Naime agarra homem pelo pescoço no 8 de Janeiro
Hugo Barreto/Metrópoles
![Ex-comandante de Operações da PMDF e atualmente preso, coronel Jorge Eduardo Naime](https://uploads.metropoles.cloud/wp-content/uploads/2023/03/16105406/WhatsApp-Image-2023-03-16-at-10.51.05-1024x682.jpeg)
Ex-comandante de Operações da PMDF e atualmente preso, coronel Jorge Eduardo Naime
Ex-comandante de Operações da PMDF e atualmente preso, coronel Jorge Eduardo Naime
Breno Esaki/Metrópoles
![Coronel Naime corre](https://uploads.metropoles.cloud/wp-content/uploads/2023/05/19120019/Naime-1-1024x683.jpeg)
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O então comandante de Operações da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), coronel Jorge Eduardo Naime, corre na direção de manifestante
Hugo Barreto/Metrópoles
![Coronel Jorge Eduardo Naime, preso pelo 8 de janeiro](https://uploads.metropoles.cloud/wp-content/uploads/2023/05/19120101/Naime-3-1024x683.jpeg)
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Com ajuda de outros PMs, coronel Naime derruba manifestante
Hugo Barreto/Metrópoles
![](https://uploads.metropoles.cloud/wp-content/uploads/2023/05/19120123/Naime-4.jpeg)
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Manifestante é contido
Hugo Barreto/Metrópoles
![Coronel Jorge Eduardo Naime, preso pelo 8 de janeiro](https://uploads.metropoles.cloud/wp-content/uploads/2023/05/19120144/Naime-5-1024x683.jpeg)
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Coronel prende o manifestante no 8/1
Hugo Barreto/Metrópoles
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No documento, Naime diz ter participado, no dia anterior, da reunião que definiu os detalhes da retirada do acampamento. No dia 29, porém, teria sido avisado do cancelamento da operação. O militar está preso preventivamente desde fevereiro de 2023 por suposta omissão no 8 de Janeiro.
“O escopo da operação foi definido em reunião ocorrida em 28/12/2022, a qual contou com a presença do General de Divisão Gustavo Henrique Dutra de Menezes, Comandante Militar do Planalto, deste signatário em representação a PMDF e de outros representantes de Instituições, Organizações e Agências governamentais de interesse para a missão.
Os aludidos recursos foram disponibilizados no teatro de operações na madrugada desta quinta-feira, 29/12/2022. Não obstante, fomos surpreendidos com o cancelamento da operação por decisão do Comandante do CMP/EB [Comando Militar do Planalto/Exército Brasileiro]”, disse o coronel no ofício assinado em 29 de dezembro de 2022.
“Faz-se mister destacar que a decisão exarada possui implicações negativas para a segurança públida e para a tranquilidade pública no Distrito Federal, além do desgaste institucional frente à comunidade.
É público e notório, com ampla divulgação na mídia, que integrantes do acampamento situado no QGEx vêm se envolvendo em atos atentatórios contra a ordem pública nesta Capital. Inclusive, tais atos já trouxeram prejuízos materiais para o patrimônio público e privado que somente não foram de maiores dimensões e gravidade pela pronta resposta da PMDF”, afirmou Naime, no documento obtido pela coluna.
O comandante de Operação da PMDF reclamou ainda da indefinição do Exército quanto à retirada do acampamento, aumentando a pressão sobre as forças de segurança estaduais e provocando o desperdício de recursos.
“Os recursos operacionais da Corporação não são ilimitados. ANeste momento específico do ano, vários homens e viaturas estão sendo empregados em missões tais como: esquema de segurança que precede a posse presidencial, festividades de fim de ano e reforço ao policiamento do comércio.
Portanto, certamente o atendimento do pedido do EB implicou em desgaste adicional de nossos homens e recursos materiais para que nossa missão institucional precípua não sofresse descontinuidade ao longo do território do Distrito Federal. Ressalto, que o exposto se torna mais relevante por ser a segunda vez que o Exército Brasileiro nos convoca para tal missão e cancela a operação após os recursos terem sido desdobrados no terreno”, criticou o coronel.
Prisão
Naime foi preso em agosto de 2023, sob a suspeita de ter facilitado as invasões das sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro daquele ano. Ele ficou no Complexo Penitenciário da Papuda até setembro quando foi transferido para o 19º Batalhão de Polícia Militar.
Em depoimento à CPI do 8 de Janeiro, Naime negou omissão nas invasões e atribuiu a responsabilidade pela falha na segurança ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República.