polarização, Tarcísio de centro e bolsonarismo moderado

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Dispenso-me de lembrar aqui os sucessos de personagem tão notável nos quatro anos em que passou a pregar golpe de Estado, atentando, na reta final, contra o próprio pleito e depois contra a posse do eleito. Ademais, representa um conjunto de valores.

Ainda que o ex-presidente não goste que se fale de um nome alternativo ao seu como candidato de sua turma em 2026, é evidente que Tarcísio é o ungido. Bolsonaro é ignorante, irascível, temperamental, rancoroso e grosseiro, mas não é burro. Não vai recuperar a elegibilidade e precisa contar com uma alternativa viável.

O chefe do Executivo de São Paulo comanda o Estado que abriga o maior eleitorado do país e só é infiel ao mestre ou na imaginação de psicopatas da reação — para os quais até o governador é meio “comunista”… — ou na de certo colunismo gagá ou de encomenda, que busca caracterizar o inquilino do Palácio do Bandeirantes quase como uma alma social-democrata torturada por um figurino de extrema-direita, como se as coisas que ele diz e faz fossem um preço que paga a contragosto.

Tarcísio, com efeito, deve o posto que ocupa àquele que considera seu padrinho, e isso não causa nem surpresa nem estranheza. Ridícula, aí sim, é a ilação dos feiticeiros do centrismo, segundo a qual se está diante de uma subserviência meramente instrumental. Se e quando chegasse à Presidência, então poderia fazer a suas próprias escolhas. Ocorre que ele já as faz como governador. Lembro três casos a título de ilustração porque exemplos existem às pencas. Qual é o “de centro”? O da Operação Escudo? O que rejeita verbas federais para os CEUs da Cultura? O que não adere aos livros didáticos do MEC?

A REVELAÇÃO
Vamos à explicitação do jogo. A operação que consiste em transformar o governador de São Paulo numa “alternativa de centro” pretende retirá-lo do campo da extrema-direita, liderado por Bolsonaro, como se estes pudessem ser secundarizados no jogo político. Parece piada, eu sei, mas é assim. E então tenho de trazer de volta ao texto a palavra “polarização” e desenvolver a constatação do primeiro parágrafo: “o objetivo é alijar Lula da disputa em 2026”. Como? Explico.

Convenham: havendo uma extrema-direita, o polo oposto só pode ser a extrema-esquerda, certo? Mas onde ela está? Vejam a disputa pela Prefeitura de São Paulo. Há quatro pré-candidatos que pertencem a partidos como assento na Esplanada nos Ministérios, com pastas sob o comando de PP, Republicanos, MDB, PSD, União Brasil… Uma ironia: existem até petistas e psolitas no governo — que é, entendo, de centro-direita, como apontou José Dirceu, corrigindo-se depois e dizendo ser de “centro-esquerda”. Nesse contexto, tanto faz.