Papel intermediador impôs ao Brasil posicionamento firme contra Venezuela, avaliam diplomatas

Distrito Federal

A diferença da postura do Itamaraty em relação ao processo eleitoral da Venezuela e da Rússia passa pelo papel intermediador adotado pelo Brasil sobre a situação do país comandado por Nicolás Maduro.

A avaliação é de integrantes do Itamaraty ouvidos pela CNN sob a condição de sigilo.

O Brasil participou ativamente da negociação pelo acordo de Barbados, firmado no ano passado, e que impôs condições para a realização de eleições presidenciais em 2024.

Já no caso da Russia, o país apenas observou a situação. Por isso, o gesto foi apenas uma carta do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) parabenizando o russo pelas eleições.

O documento padrão é considerado um gesto de retribuição do brasileiro a Putin, que enviou congratulações após a vitória do petista em 2022.

No caso da Venezuela, a nota foi divulgada pelo Itamaraty porque o Brasil participou ativamente das negociações do Acordo de Barbados, firmado no ano passado. O documento estabelece que o governo venezuelano se comprometeria a fazer eleições em 2024 com a participação da oposição.

Diante do fim do prazo para as inscrições para o período eleitoral e do impedimento da inscrição da oposição, a Nicolás Maduro, o Brasil avaliou que era preciso se posicionar.

Na segunda-feira (25), Lula se reuniu com o Ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira para discutir a situação.

O governo brasileiro aguardou o fim das inscrições para evitar pré-julgamentos e, na terça-feira (26), o Itamaraty divulgou uma nota afirmando que o impedimento da inscrição de Corina Yoris, candidata oposicionista, “não é compatível com o Acordo de Barbados”.

A Venezuela rebateu o posicionamento brasileiro e divulgou que o país parece “intervencionista” e que o texto “parece ditado pelos Estados Unidos”.

Depois da troca de farpas, a Embaixadora do Brasil na Venezuela, Glivânia Maria de Oliveira, conversou com integrantes do governo venezuelano sobre a situação. Segundo integrantes da diplomacia, o convite foi do governo venezuelano, porém, não foi à nível de chancelaria e não houve qualquer tipo de reprimenda ao Brasil.