Os principais problemas relatados por voluntários em abrigos no RS

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Em meio à tragédia climática que o Rio Grande do Sul passa devido às fortes chuvas que assolam o estado desde o dia 29 de abril, a tragédia humanitária é gigantesca. Segundo o último boletim da Defesa Civil, 540 mil pessoas estão desalojadas e 78 mil se encontram em abrigos.

Com esse amplo montante populacional amontoado nos alojamentos, diversos problemas são relatados por voluntários, como a diferença de tratamento, de alimentos e de suprimentos segundo classes sociais, assim como brigas e abusos de autoridade.

Também são relatados diversos crimes dentro do abrigos. Segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP) do estado, 11 pessoas foram presas por crimes praticados dentro dos alojamentos. O secretário da Segurança, Sandro Caron, relatou que o foco das autoridades é combater não só os saques nas ruas, mas atuar nos locais de acolhimento, e que a Brigada Militar e a Polícia Civil receberam ordens de “prender todos aqueles que praticarem crimes nos abrigos”.

“Ao todo, desde o início da operação, nós prendemos 54 pessoas, sendo que 11 dessas prisões foram referentes a crimes praticados em abrigos, inclusive, em relação a crimes sexuais noticiados. Todos os autores foram presos”, disse Sandro Caron.

Também foram reportados diversos casos de abusos sexuais dentro dos abrigos. Quatro homens foram presos suspeitos do crime na região metropolitana de Porto Alegre.


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O estudante de direito Diego Crivelaro, que trabalhou como voluntário em seis abrigos em Porto Alegre, relatou que “há abrigos que limitam prejudicialmente o acesso a alimentos, tanto para voluntários quanto para acolhidos, visando ficar com os suprimentos para si”.

Veja alguns dos problemas nos abrigos relatados por voluntários

  •  Abrigos em que voluntários estão pegando roupas de boa qualidade das doações;
  •  ⁠Abrigos em que a alimentação dos voluntários é melhor que a dos abrigados;
  •  ⁠Alguns acolhidos não têm a compreensão do que está acontecendo e tratam os abrigos como “hotéis”, como se quisessem ser servidos;
  • ⁠Voluntários disputando entre si por posições de destaque;
  • ⁠Abrigos que limitam prejudicialmente o acesso a alimentos, tanto para voluntários quanto para acolhidos, visando ficar com os suprimentos para si;
  • ⁠Falta de cooperação entre abrigos, no sentido de compartilhamento de doações;
  • Abrigos que são influênciados pelo recorte social do local, com voluntários de classes mais altas e de bairros mais nobres, o que impacta profundamente o funcionamento do alojamento;
  • Abrigados com medo das autoridades responsáveis pelo resgate e acolhimento em decorrência de tratamentos violentos e desumanos dados em abrigos provisórios anteriores;
  • Alguns acolhidos reportam criminalidade em suas cidades e disputa por recursos, o que gera medo e desespero ao chegarem nos abrigos em Porto Alegre, sem a certeza do que estaria por vir.