O que coletivização tem a ver com comunicação mobilizadora?

Saúde e Bem-estar

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Para começar essa leitura precisamos estar quites em relação ao que se busca entender por comunicação mobilizadora. Aqui vai: promover a comunicação de causa vai muito além da simples divulgação de informação e fatos em determinados canais. Na verdade, é um processo com foco em



gerar vínculos e mobilizar em prol de uma causa.



Vamos entender como isso pode acontecer?


 

Ao pensar a causa de determinado processo mobilizador, seja um projeto de uma organização ou movimento de um grupo de pessoas, é importante basear-se no que o grupo percebe e também no que é atingido pela situação-problema, além das pessoas que, de certa forma, terão contato com a situação apresentada.



O que é coletivização?




Levando isso em consideração, é preciso atentar-se à maneira como as causas se formam. Assim, podemos compreender como um problema que pode afetar apenas um grupo ou uma pessoa torna-se um elemento de interesse coletivo e público. O movimento que passa da esfera individual à coletiva é chamado de coletivização.

 

O mestre Márcio Simeone Henriques, quem me inspirou muito no processo da minha pesquisa de mestrado, demonstra que:

 

“a coletivização é o sentimento e a certeza de que

aquilo que eu faço, no meu campo de atuação,

está sendo feito por outros, da minha mesma categoria,

com os mesmos propósitos e sentidos”.

 

O processo de coletivização acontece quando as percepções e ações se deslocam do interesse individual para o coletivo, quando os problemas são percebidos e tratados como se fossem de todos e quando se permite visualizar um entendimento comum desses problemas.

 

Para o autor, é a coletivização que dá estabilidade a um processo de mobilização social, princípio tão necessário para a manutenção dos vínculos criados com o projeto.



O que isso tem a ver com comunicação?




Para Toro e Werneck (2


004), o que distingue a coletivização da simples divulgação é seu compromisso com os resultados. A divulgação, muitas vezes, possui caráter promocional ou simplesmente informativo. O resultado esperado com essa ação é que as pessoas tenham conhecimento de determinada informação. Já na coletivização, o foco principal é no compartilhamento da informação, não somente na sua circulação por si só, e o resultado que se deseja é que o público forme diferentes opiniões, que sejam próprias de cada indivíduo, e se disponham a agir diante da causa divulgada. 

 

Para que qualquer projeto de mobilização se consolide, o processo de coletivização é considerado o alicerce, pois é justamente neste processo que os públicos conhecerão de forma mais clara e profunda a causa proposta.

 

Condições para a coletivização




A seguir, é possível compreender as principais condições de coletivização, de acordo com Henriques. O autor considera a formação e a manutenção de um grupo que atua em prol de uma causa específica. As causas sociais necessitam de sujeitos que as defendam e contribuam para a sustentação daquilo que é proposto. Sendo assim, tais condições essenciais são:

 

  1. Concretude:






    O problema percebido pelo movimento ou organização precisa se apresentar como algo concreto. As pessoas, que possuem diferentes repertórios e vivências, devem ser capazes de reconhecer a situação como problemática;

  2. Caráter público:



    Reconhecer o problema por si só não é condição suficiente para que ele seja compreendido em sua dimensão coletiva e pública. Mesmo que determinados sujeitos não estejam inseridos na situação-problema, é necessário que estejam convencidos do caráter coletivo da causa defendida. Essa é a essência do processo de coletivização: temos de ver as temáticas das causas como possíveis pontos de partida para a formulação de políticas públicas e como algo que contempla a união de esforços de um grupo;


  3. Viabilidade:



    Após tornar pública a situação-problema, é necessária a geração de argumentos que elucidem a viabilidade de se lutar pela solução. Trata-se de um convencimento dos sujeitos de que é possível alcançar alguma mudança, apesar das dificuldades, e que agir em conjunto é compensador;



  4. Sentido amplo:



    Uma determinada causa não pode ser apresentada somente com as particularidades imediatas do problema a ser tratado. Ao pensar na construção de um problema coletivo e de um processo mobilizador, é preciso inserir o objeto principal de trabalho em relação à causa em um quadro de valores mais amplo. Assim, facilita-se o compartilhamento de ideais, além de aumentar a compreensão do impacto global que ações mais específicas podem alcançar.


Muitas vezes, nos questionamos sobre a razão de as pessoas não darem atenção para a nossa causa. Será que elas visualizam o problema que você tenta combater como algo concreto? Como você tem oferecido informações para que elas possam reconhecer isso? Lembre-se: esse é só o primeiro item dos quatro listados acima. 

 

A mobilização não acontece do dia para a noite, e é muito importante que você busque a participação e colaboração de diferentes pessoas para que elas construam essas estratégias junto com você. Se quiser encontrar conteúdos e pessoas para aprender e conversar sobre esse tema, o Social.LAB pode ser um espaço para potencializar seu desenvolvimento. 




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Natália Gonzales:



Cofundadora da Nuclear.HUB, cujo propósito é conectar pessoas, causas e marcas por meio de estratégias de comunicação. Bacharel em Relações Públicas e mestra em comunicação pela Unesp, possui mais de 10 anos de experiência em comunicação, em organizações como Amcham, Mondelez International, Fundação Abrinq e Oracle. É mentora de comunicação no Distrito e ImpactHUB, além de ser co-líder de comunicação do Instituto Capitalismo Consciente da Filial de Campinas.



REFERÊNCIAS




HENRIQUES, Márcio Simeone.



Comunicação e mobilização social na prática da polícia comunitária.



Belo Horizonte: Autêntica, 2010.



TORO, Jose Bernardo & WERNECK, Nisia Maria Duarte.



Mobilização social: um modo de construir a democracia e a participação



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Imprenta: Belo Horizonte, Autêntica, 2004.