O primeiro adeus de Rafael Nadal em Roland Garros – 27/05/2024 – Sandro Macedo

Esportes

Roland Garros teve um primeiro dia emotivo, e um tanto estranho, na edição de 2024.

Aos 37 anos, Rafael Nadal, maior tenista que já pisou na terra batida, entrava na quadra para disputar a primeira rodada. O espanhol tem lutado o ano inteiro contra lesões e tem avisado que está na fase das últimas raquetadas profissionais, mas não estipulou nenhuma data ou torneio.

Porém avisou à organização do Grand Slam francês que o jogo desta segunda, em caso de derrota, não era de despedida. Não queria homenagem.

Aparentemente, só esqueceram de avisar ao resto do mundo. A quadra inteira estava emotiva, torcedores tinham olhar angustiado, a mulher de Nadal, com o filho no colo, estava presente; Novak Djokovic (o número 1), Carlos Alcaraz (o suposto sucessor de Nadal) e Iga Sviatek (a número 1) estavam presentes —não me lembro de ver Djokovic, Federer ou o próprio Nadal assistirem a um jogo de um outro tenista enquanto ainda estavam no torneio.

Tudo estava com cara de despedida, com cheiro de despedida e com gosto de despedida. Mas Nadal é resiliente até no adeus.

Até o rival não poderia ser mais especial: Alexander Zverev, número 4 da ATP. Há dois anos, na mesma quadra, Zverev fazia um jogaço contra Nadal, na semifinal, e parecia pronto para derrubar o espanhol e conquistar seu primeiro Slam. Mas uma torção de tornozelo fez Zverev, o Sasha, urrar de dor e deixar a Philippe Chatrier em cadeira de rodas.

Ter um confronto desses numa primeira rodada é uma anomalia em um Grand Slam. Porém Nadal não tem ranking competitivo, está fora do top 200. Assim, como dizem os especialistas, estava solto na chave e poderia pegar qualquer um no sorteio. Pegou Sasha possuído e com o mesmo foco de dois anos atrás.

Nadal não foi páreo para o alemão e caiu em três sets.

Zverev entra para o seleto grupo de três terráqueos que conseguiram a façanha de derrotar Nadal em Roland Garros desde que ele fez sua primeira partida profissional por lá, em 2005, e foi campeão —os outros dois foram o sueco Robin Soderling e o sérvio Djokovic, duas vezes.

Num duelo normal, Zverev rolaria no saibro, gritaria de alegria e jogaria bolinhas para a galera. Desta vez não. Ao fim da partida, Sasha nem comemorou direito, estava quase pedindo desculpa. Depois, na hora da entrevista do vitorioso, ainda em quadra, ele falou rapidamente e praticamente passou o microfone ao espanhol.

Nadal tentou não se despedir, falou das contusões, que está tentando tudo. Enquanto isso, sua mulher chorava, torcedores choravam, este escriba se segurava… Mas a relação de Nadal com Roland Garros, onde ganhou 14 títulos, é tão especial que até na hora do adeus ele tem uma segunda chance.

Afinal, neste 2024, os Jogos Olímpicos serão na capital francesa e a disputa será nas quadras de Roland Garros —algo semelhante aconteceu em 2012, quando Wimbledon teve um repeteco olímpico nos Jogos de Londres.

Assim, apesar de toda a emoção no torneio francês nesta segunda, prepare-se para uma sequência. Em julho tem mais Nadal em Roland Garros, quem sabe até numa disputa de duplas com Carlos Alcaraz…

Trupe brasileira

Roland Garros também foi especial para os brasileiros em 2024, com seis tenistas na chave de simples, quatro homens e duas mulheres. Não chega a ser uma armada, como a espanhola, mas é uma bela trupe.

Este escriba não se lembrava de um ano com tantos locais na disputa principal —mas, após uma pesquisa, descobri que em 1988 foram sete tenistas, três homens e quatro mulheres.

Gustavo Heide, Thiago Monteiro, Thiago Wild, Laura Pigossi e Bia Haddad caíram na primeira rodada.

No entanto, ver tantos nomes representando o país do tricampeão Gustavo Kuerten já é um alento.

Felipe Meligeni Alves, 137° na ATP, enfrenta nesta terça (28) o favorito Casper Ruud, sétimo da ATP.


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