O potencial da energia solar na matriz energética brasileira

Tecnologia

Por Antônio Terra

As usinas fotovoltaicas (UFV) desempenham um papel fundamental no setor elétrico brasileiro, contribuindo para uma matriz energética mais sustentável e para a economia dos clientes. Com um vasto território e abundância de recursos solares, o Brasil possui um enorme potencial para a geração de energia solar, o que torna essa fonte uma peça central na transição para uma matriz energética mais limpa e renovável.

Uma das principais vantagens das usinas fotovoltaicas é a sua capacidade de complementar outras fontes de energia renovável, como a hidrelétrica, que historicamente tem sido a principal fonte de eletricidade no Brasil. Em períodos de estiagem, quando os reservatórios de água das hidrelétricas estão baixos, a energia solar pode entrar em cena, garantindo uma oferta estável de eletricidade e reduzindo a necessidade de recorrer a fontes de energia não renováveis, como termelétricas a gás ou carvão.

Além disso, as UFV desempenham um papel importante na diversificação da matriz energética do Brasil, reduzindo a dependência de fontes de energia sujeitas a variações climáticas, como as hidrelétricas, e aumentando a segurança energética do país. Isso é crucial para garantir um fornecimento estável de eletricidade e evitar possíveis crises de abastecimento no futuro.

Do ponto de vista econômico, as usinas fotovoltaicas oferecem uma série de benefícios tanto para os consumidores quanto para a economia na totalidade. Em primeiro lugar, os custos de operação e manutenção das UFVs são relativamente baixos, uma vez que a luz solar é uma fonte de energia gratuita e abundante. Isso se traduz em custos mais baixos de eletricidade para os consumidores, permitindo que economizem em suas contas de energia a longo prazo. Segundo a Agência Internacional de Energia, até o final de 2024, o fornecimento de energia gerada por painéis solares atingirá 1.100 gigawatts globalmente.

Além disso, as usinas fotovoltaicas têm um impacto positivo na geração de empregos e no desenvolvimento econômico das regiões onde são instaladas.

Desde a construção e instalação até a operação e manutenção das usinas, a energia solar cria empregos em uma variedade de setores, incluindo engenharia, manufatura, construção civil e serviços. Isso não apenas impulsiona a economia local, mas também contribui para a criação de uma força de trabalho qualificada e especializada em energias renováveis.

Outro benefício econômico das usinas fotovoltaicas é o potencial de atrair investimentos e fomentar o crescimento do setor de energias renováveis no Brasil. Com uma política energética favorável e incentivos para o desenvolvimento de projetos solares, o país pode atrair investimentos domésticos e estrangeiros, criando um ambiente propício para a inovação e o crescimento sustentável do setor.

Do potencial de atrair novos investimentos à geração de emprego, a energia solar ano após ano se mostra uma alternativa econômica segura para o Brasil.Fonte: Getty Images

Um levantamento recente aponta que, de 2012 a 2023, os investimentos em sistemas solares fotovoltaicos somaram cerca de R$130,7 bilhões. Ao todo, foram gerados cerca de 780,1 mil empregos no período. Os negócios na área resultaram em R$39,2 milhões em arrecadações destinadas aos cofres públicos, como aponta a Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).

O Brasil encerrou 2023 na 6ª colocação do ranking mundial de capacidade operacional de energia solar com 37,4 GW, segundo relatório publicado pela IRENA (Agência Internacional de Energia Renovável). O país, que subiu duas posições no balanço global, ficou atrás apenas de China (609,3 GW), Estados Unidos (137,7 GW), Japão (87,1 GW), Alemanha (81,7 GW) e Índia (72,7 GW). Completam o top 10 a Austrália (33,6 GW), Itália (29,8 GW), Espanha (28,7 GW) e Coreia do Sul (27 GW).

Por esse motivo, as usinas fotovoltaicas desempenham um papel crucial no setor elétrico brasileiro, contribuindo para uma matriz energética mais sustentável e para a economia dos clientes. Com seu potencial para complementar outras fontes de energia renovável, diversificar a matriz energética, reduzir custos de eletricidade e gerar empregos e investimentos, as usinas solares são uma peça fundamental na construção de um futuro energético mais limpo, seguro e econômico para o Brasil.

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Antônio Terra, fundador da ForGreen, empresa especializada em sistemas de energia solar e proprietária de usinas fotovoltaicas.