Nova edição de ‘A Viagem do Beagle’ chega ao Brasil – 30/04/2024 – Darwin e Deus

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Quando as pessoas pensam em ler algo escrito por Charles Darwin, o livro que quase sempre vem à mente é “A Origem das Espécies”, o que é compreensível, mas provavelmente equivocado, ao menos para o leitor de primeira viagem.

Não me entenda mal: “A Origem” é um livraço e um tomo crucial para a história da biologia, mas exige boas doses de paciência e disciplina. Para um primeiro contato com Darwin, no entanto, convém conhecer seu lado de jovem curioso e brincalhão, e, nesse sentido, nenhuma de suas obras supera “A Viagem do Beagle”, que acaba de ganhar uma nova e bem cuidada edição no Brasil.

Darwin passou quase cinco anos (de 1831 a 1836) a bordo do HMS Beagle, navio da Real Marinha britânica comandado pelo capitão Robert FitzRoy. Tinha apenas 22 anos quando subiu a bordo e, nos anos seguintes, daria a volta ao mundo com a embarcação, passando por diversos países sul-americanos (incluindo duas visitas ao Brasil) e visitando ainda a Oceania e a África, além das hoje célebres ilhas Galápagos, no Pacífico.

As observações de Darwin sobre geologia, flora e fauna foram importantes para sua compreensão da história natural planetária e o futuro desenvolvimento da teoria evolutiva. Mas, de longe, o elemento que mais transparece no livro é o puro e inconfundível deleite de mergulhar no mundo natural.

Para alguém que mais tarde teria muitos problemas de saúde, enfrentaria algumas tragédias familiares e a polêmica em torno de seu trabalho como cientista, é simplesmente muito bonito ver como ele se sentia em casa – ou dentro de um imenso parque de diversões – quando estava diante da natureza. A seguinte passagem, sobre o cenário em torno do Rio de Janeiro, é característica:

“A magnificência de cada forma e de cada sombra supera tão completamente tudo o que um europeu já viu em seu próprio país que este não sabe como expressar seus sentimentos. O efeito geral costumava trazer à minha mente o cenário mais vistoso da ópera ou dos grandes teatros. Nunca voltei de tais excursões de mão vazias.”

A nova edição de “A Viagem do Beagle”, publicada pela Edipro, tem tradução e notas de Daniel Moreira Miranda e prefácio do especialista argentino Héctor Palma.


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