Em sua possível despedida de Roland Garros, Rafael Nadal viveu algo inédito no Aberto da França. O maior campeão do torneio acabou eliminado por Alexander Zverev na 1ª rodada. Foi a 1ª vez que o espanhol sai de Paris com um revés logo na estreia do 2º Grand Slam da temporada, que tem transmissão ao vivo de todas as quadras pela ESPN no Star+.
No entanto, tirando o resultado atípico no major francês para ex-número 1 do mundo, Nadal deixou tudo em quadra e presenteou os torcedores presentes na Philippe-Chatrier lotada com mais uma exibição que teve lampejos de seus tempos dourados, vibrações efusivas e muita garra. O Rei do Saibro pode ter sido superado por Zverev, mas seu legado, sua imagem e seu nome permancerão intactos em Roland Garros, no circuito do tênis e nos corações de todos os fãs ao redor do planeta.
Antes mesmo da partida começar, quando o tenista espanhol foi anunciado, o estádio já veio abaixo com a presença do maior vencedor da história do Grand Slam francês, ainda mais que o locutor o apresentou citando os anos de todas as suas 14 consquistas: 2005, 2006, 2007, 2008, 2010, 2011, 2012, 2013, 2014, 2017, 2018, 2019, 2020 e 2022.
Com o início do duelo, Nadal parecia ainda meio preso na quadra, enquanto Zverev já estava soltando o braço. Contando com uma dupla falta do espanhol, o alemão quebrou o serviço do rival logo no 1º game da partida. A tensão parecia dominar os ares da quadra Philippe-Chatrier.
Nadal melhorou e conseguiu equilibrar o duelo contra Zverev. No entanto, o campeão de 14 títulos de Roland Garros não conseguiu devolver a quebra e tirar a vantagem do alemão, apesar de forçar alguns games longos de até 10 minutos. No final do 1º set, Zverev quebrou o serviço de Nadal mais uma vez em uma disputa apertadíssima e fechou a 1ª parcial por 6 a 3. A agressividade e a superioridade de Sascha foi refletida nos números de winners: 15 contra 5 do espanhol.
No 2º set, a lenda de 37 anos se soltou ainda mais e começou a dar um show, com lampejos de genialidades que lembravam seus tempos mais áureos. Nadal passou a castigar Zverev com curtinhas inesperadas, passadas absurdas e levantou o público na quadra central do complexo francês.
No 2 a 1, o ex-número 1 do mundo salvou um break point e, logo na sequência, quebrou o atual 4º colocado do ranking. Após esse momento, Nadal vibrou demais e, pela primeira vez, parecia estar melhor na partida. Zverev, no entanto, conseguiu se recuperar no final da parcial e devolveu a quebra quando o espanhol sacava para empatar o jogo.
No tie-break, Zverev levou a melhor e abriu 2 a 0 na Philippe-Chatrier, apesar da torcida ainda apoiar e fazer muito barulho para o “Rei do Saibro”. O alemão estava sacando demais e conseguiu cinco aces na parcial contra apenas um do espanhol.
No 3º set, quando todos esperavam uma baixa de Nadal devido ao desgaste físico, o espanhol quebrou Zverev e abriu 2 a 0. Só que o alemão devolveu a quebra e equilibrou a parcial logo na sequência. O ex-número 1 do mundo estava oscilando mais, e o atual cabeça de chave nº 4 era mais constante e conseguiu, quebrar o espanhol no 3 a 3. Então, o Zverev manteve o controle e fechou a partida com 6 a 3.
Com a vitória, Zverev agora segue sua caminhada em busca de seu 1º título de Grand Slam da carreira. O alemão de 27 anos enfrenta o vencedor de David Goffin e Giovanni Mpetshi Perricard, que está embalado pelo título do ATP 250 de Lyon no último final de semana.
E o futuro de Nadal após a derrota? O próprio tenista espanhol pediu para a organização de Roland Garros não preparar nenhuma cerimônia de despedida, deixando em aberto se, de fato, essa partida será realmente sua última no saibro sagrado que o consagrou.
Na entrevista pós-jogo, ainda na quadra, Nadal disse:
“É muito difícil dizer agora, mas eu não sei essa é a última vez que eu vou jogar aqui em Roland Garros na frente de vocês. Eu não estou 100% seguro, mas se foi a última, eu aproveitei. A torcida foi incrível durante toda a semana e hoje. Os sentimentos de hoje sãos difícieis de descrever, foi muito especial receber o carinho e o amor dos fãs que estão aqui.”
“Eu estou passando por anos difícieis por conta das lesões. Eu passei por todo esse processo para realizar o sonho de jogar aqui em Roland Garros. Perder na 1ª rodada não era o ideal, mas eu precisava de algo diferente para vencer. Eu fui competitivo e tive minhas chances, mas não foi suficiente para vencer um grande jogador como o Zverev.”
“Para mim é difíicl dizer sobre o futuro, há uma grande possibilidade que eu não volte a jogar em Roland Garros, mas não posso cravar 100%. Eu amo jogar aqui, eu gosto de viajar com a família e estou me divertindo. Meu corpo está melhor do que dois meses atrás. Eu penso que, talvez, daqui dois meses, eu diga que é o suficiente e que vou parar. Eu não posso dar mais nada para o tênis. Mas eu tenho alguns objetivos. Quero voltar para essa quadra daqui 2 meses nas Olimpíadas.”
