Jogo que Mudou a História

Em parceria com o AfroReggae Audiovisual, o Globoplay lança no dia 13 de junho sua nova série nacional: O Jogo que Mudou a História, uma trama em 10 capítulos, cujo enredo é baseado em facções criminosas reais que comandaram o Rio de Janeiro nas décadas de 1970 e 1980. Criada por José Junior e dirigida por Heitor Dhalia (Serra Pelada), a obra tem um enredo potente e não poupa o público de cenas fortes e violentas para retratar a realidade do Brasil nas últimas décadas da Ditadura Militar.

O Canaltech teve acesso aos dois primeiros episódios e garante que a produção tem potencial para fazer o assinante não desgrudar os olhos da tela todas as quintas-feiras, já que os capítulos serão lançados em pares sempre neste dia da semana. 

A história começa mostrando o presídio de segurança máxima de Ilha Grande que é comandado por dois grupos rivais: a Falange do Jacaré e a Turma do Fundão, futura Falange Vermelha.

É nesse contexto que dois novatos chegam ao local sem saber o que lhe esperam. Egídio (Ravel Andrade), um jovem branco de classe média alta que é preso após atropelar a filha de um coronel, e Jesus Pedra (Raphael Logam), um carcereiro iniciante que precisa do salário para pagar a faculdade, são colocados no meio desse pequeno inferno na terra. Inexperientes, os dois têm que lidar com a insalubridade do espaço físico, as ameaças constantes, torturas físicas e, no caso de Egídio, estupro coletivo.

Tudo piora quando as facções entram em conflito e promovem um pequeno incêndio no local, fazendo com que boa parte de um grupo seja aniquilada. Do lado de fora, Gilsinho (Jonathan Azevedo), líder do tráfico do Morro da Promessa, se torna um aliado da Falange Vermelha.

As consequências do embate dentro da prisão também influenciam na rotina de favelas que antes conviviam em harmonia e agora pertencem a facções rivais, como é o caso de Parada Geral e Padre Nosso, o que faz com que uma emblemática partida de futebol entre os times se transforme em uma verdadeira guerra que dura 25 anos.

Baseada em fatos reais

Apesar de ter uma trama ficcional, O Jogo que Mudou a História é inspirado em fatos reais que aconteceram nas favelas cariocas, em especial na Vigário Geral, Parada Lucas, Parque Analândia e na Rocinha, locais onde a trama foi gravada. O roteirista José Junior comentou em coletiva de imprensa que não se baseou em nenhum livro ou filme para criar a história, mas sim na sua vivência dentro das comunidades.

Ele ressaltou que a trama não será contada do ponto de vista de um jornalista, da polícia ou de alguém que realmente não seja protagonista daquele enredo. “É uma história contada do ponto de vista do agente penal, do bandido, do morador da comunidade”, garante. 

E, para mostrar tudo isso, Junior escalou um elenco majoritariamente negro, que traz Babu Santana, Fabrício Assis, Samuel Melo, Jailson Silva, entre outros, e também reforçou a importância de preservar o sotaque dos atores na trama. “É uma série de sotaques, isso foi um combinado meu com o Dhalia, de que não houvesse apagamento de nenhuma maneira de falar”.

Também é importante notar que o elenco é formado, em sua maioria, por atores que vieram da favela. Babu, por exemplo, cresceu e se criou em Vigário Geral e, por isso, não teve tanta dificuldade para dar vida à Hoffman, um bandido carismático que cumpre pena na Ilha Grande.

Ele disse que se inspirou em tudo que viu desde pequeno, e que, na verdade, a vida nos aglomerados te permite conviver com policiais, bandidos, filhos de bandidos, cidadãos comuns, pais e mães de família, etc. O ator ainda reforçou o quanto está satisfeito de ver que a série foi criada por uma pessoa que entende esse contexto.

“Eu só aceitei fazer esse tipo de personagem porque era uma criação dele (José Júnior), uma pessoa periférica com um olhar de dentro da situação”.

 

O olhar para o período histórico do Brasil

Apesar dos dois primeiros episódios não se aprofundarem muito no cenário político do país naquela época, eles contextualizam que o Brasil estava vivendo sob os olhos da Ditadura Militar e que tinham pessoas que eram presas por serem consideradas subversivas ou simplesmente por desagradar o governo vigente. 

Otávio Muller é um deles. Ele vive um homem que morre em Ilha Grande à espera do decreto da anistia para os presos políticos. Junto a assassinos, traficantes e assaltantes, ele passa os dias lendo e ouvindo músicas, ensinando aos colegas as mensagens subliminares por trás das canções.

Ao longo da trama, esse arco geopolítico deverá ser mais explorado, com novos presos se juntando ao grupo e movimentos pela liberdade eclodindo, ao mesmo tempo que os dramas dos aglomerados ganham forma. 

Também é importante saber que mesmo sem dar muitos detalhes, os atores deixaram escapar que a série terá uma segunda temporada. Então, é bom ficar de olho porque novidades deverão ser anunciadas em breve.

Lembrando que O Jogo que Mudou a História estreia no dia 13 de junho, com episódios semanais lançados sempre às quintas-feiras no Globoplay.

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