Gangues da Galícia: série da Netflix é inspirada em história real?

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Com 7 episódios recheados de fortes emoções e tramas complexas, a série espanhola Gangues da Galícia (Clanes, no original), tem chamado bastante atenção dentro do catálogo da Netflix desde sua estreia, na última sexta-feira, 21 de junho.

“Uma nova advogada chega para se estabelecer na pequena cidade de Cambados. Seu nome é Ana e sua presença não passa despercebida por ninguém, inclusive por Daniel, filho de um grande traficante de drogas”, conta a sinopse do título.

O que muitos espectadores têm se perguntado, todavia, é: Gangues da Galícia é inspirada em uma história real? Bem, apesar de a narrativa do seriado não ser inteiramente baseada em fatos, um caso real específico deu sustentação, sim, para vários elementos e arcos da obra. Veja!

Gangues da Galícia, da Netflix, é baseada em fatos?

Como dissemos, embora a série não seja uma reprodução exata de eventos reais, ela é inspirada em fatos, particularmente nas atividades criminosas de Manuel Charlín Gama e seu clã, os Charlines, que dominaram o tráfico de drogas na região por décadas.

Manuel Charlín Gama, um notório traficante de drogas, foi uma figura central no contrabando de cocaína na Galícia. Durante as décadas de 1980 e 1990, Charlín e sua família construíram um império criminoso, importando toneladas de cocaína da Colômbia e haxixe do Marrocos. A sua rede de tráfico era bem organizada e utilizava as características geográficas da Galícia, com sua extensa costa e tradição pesqueira, para facilitar o contrabando de drogas.

Em meados dos anos 1980, Charlín foi brevemente preso, fazendo contatos valiosos com traficantes colombianos. Esses contatos possibilitaram a expansão de suas operações, transformando o contrabando local em uma operação de larga escala de tráfico de cocaína. A cidade de Cambados se tornou um ponto estratégico para a entrada de drogas na Europa.

A Operación Nécora, liderada pelo juiz Baltasar Garzón nos anos 1990, foi uma tentativa significativa das autoridades espanholas para desmantelar o tráfico de drogas na Galícia. Durante esta operação, Charlín e outros membros de seu clã foram presos, mas suas atividades ilegais não cessaram completamente. Após sua prisão, a liderança do clã passou para seus filhos, principalmente para Josefa Charlín Pomares e Manuel Charlín.

Caso real ajudou a criar alguns arcos e acontecimentos de Gangues da Galícia.Fonte:  Netflix 

Um dos eventos mais dramáticos na vida real, que encontra paralelo na série da Netflix, foi a traição de Manuel Baulo, chefe de transporte de Charlín. Baulo virou informante para as autoridades, fornecendo informações cruciais que levaram à prisão de Charlín e de vários membros de seu clã. Em retaliação, Charlín ordenou o assassinato de Baulo, que foi morto a tiros em sua casa em Cambados em 1994.

A série também incorpora elementos fictícios para enriquecer a narrativa, como a personagem Ana, uma advogada que chega a Cambados com um passado misterioso. Na vida real, a personagem de Ana e sua história de vingança são criações fictícias, projetadas para conectar o público à trama complexa e emocional da série.

Outro aspecto realístico representado na série é a operação policial que levou à prisão de Charlín e seu filho Melchor em 2018. As autoridades galegas interceptaram um navio transportando 2,5 toneladas de cocaína, ligando novamente Charlín ao tráfico de drogas. Embora Charlín tenha sido libertado sob fiança devido à falta de provas substanciais, o evento evidenciou a persistência das atividades criminosas na região.

Após a morte de Charlín em 2021, aos 89 anos, o tráfico de drogas na Galícia não cessou. Novos grupos criminosos emergiram, operando de maneira mais discreta para evitar a atenção das autoridades. Este ambiente de constante adaptação e evolução do crime organizado na região serve como um pano de fundo autêntico para a série.