EXCLUSIVO-Promotores italianos estão investigando cadeias de fornecimento de aproximadamente uma dúzia de marcas de moda, diz fonte

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Promotores em Milão estão investigando a cadeia de fornecimento de aproximadamente mais uma dúzia de marcas de moda, segundo uma pessoa com conhecimento do assunto, após uma unidade da francesa LVMH na Itália ser colocada sob administração judicial em um inquérito de exploração de trabalhadores. 

Na segunda-feira, um tribunal de Milão nomeou um comissário para administrar uma fabricante de bolsas da marca Dior, propriedade da LVMH, depois que uma investigação sobre quatro de seus fornecedores sediados nos arredores da capital da moda na Itália encontrou condições ilegais de trabalho aos funcionários. 

Inspetores no local e checagens de uso de eletricidade levaram os promotores a alegar que os trabalhadores eram contratados por horas prolongadas, muitas vezes trabalhando à noite e em feriados. Alguns funcionários dormiam onde trabalhavam, não tinham contratos regulares e dois imigraram ilegalmente à Itália. 

Esta é a terceira decisão do tipo neste ano pelo tribunal de Milão responsável por medidas preventivas. Em abril, adotou ações similares contra uma empresa da Giorgio Armani por acusações de que o grupo de moda estava “falhando culposamente” em supervisionar adequadamente seus fornecedores. O Grupo Armani disse na época que sempre tentou “minimizar abuso na cadeia de fornecimento”. 

Na segunda-feira, a LVMH se recusou a comentar a decisão do tribunal. 

Promotores de Milão e a polícia italiana estão investigando mais pequenos fabricantes que fornecem a cerca de uma dúzia de outras marcas, disse a pessoa à Reuters, se recusando a dar detalhes adicionais porque a informação é confidencial.

A indicação de um comissário especial tem o objetivo de dar às subsidiárias das marcas de moda tempo de corrigir os problemas em sua cadeia de fornecimento e, ao mesmo tempo, continuar operando. 

Nem a LVMH e nem a Armani estão sob investigação, e os fornecedores visados pela investigação enfrentam acusações de exploração de trabalhadores, segundo cópias das decisões judiciais, vistas pela Reuters. 

“FEITO NA ITÁLIA”

Os promotores de Milão têm investigado ao longo da última década empresas de recrutamento que supostamente empregam trabalhadores ilegalmente, deixando de pagar impostos e contribuições para a previdência social e pensões para reduzir o custo dos serviços que fornecem. 

Os inquéritos tradicionalmente visaram setores como logística, transporte e serviços de limpeza, para os quais trabalhadores eram fornecidos por empresas que surgiam e desapareciam a cada poucos anos. 

O foco mudou para o setor da moda, no qual as investigações destacaram problemas similares neste ano. 

A Itália representa de 50% a 55% da produção global de bens de luxo, segundo cálculo da consultoria Bain, com milhares de pequenas fabricantes fornecendo para grandes marcas e permitindo que elas ostentem o premiado rótulo “Feito em Itália” em seus produtos. 

A mais recente investigação de Milão mostrou que uma pequena fabricante conseguiu cobrar apenas 53 euros da Dior por uma bolsa que a grife depois vendeu em suas lojas por 2.600 euros. 

Pela lei italiana, marcas terceirizando a produção são responsáveis por realizar checagens adequadas de seus fornecedores.