Ex-serralheiro e ‘discípulo’ de Ancelotti: quem é Álvaro Pacheco, novo técnico do Vasco

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O Vasco tem um novo técnico após a saída de Ramón Díaz. Destaque nesta última temporada europeia pelo Vitória de Guimarães, o português Álvaro Pacheco, de 52 anos, teve a sua contratação oficializada pelo Cruzmaltino.

Até então um “desconhecido” para o torcedor brasileiro, Pacheco ganhou destaque há pouco tempo no futebol português e na Europa. Mas então, quem é o novo comandante do clube de São Januário?

Usando a sua típica boina, o ex-atacante, que teve o Estoril como maior clube da carreira enquanto jogador, caiu nas graças da torcida cruzmaltina antes mesmo do anúncio. Nas redes sociais, muitos torcedores o compararam até mesmo com o personagem Tommy Shelby, protagonista da série Peaky Blinders.

E a vida de Pacheco começou muito antes do futebol. Incluindo um período de trabalho como serralheiro em Portugal, quando largou os estudos para ajudar o pai no serviço.

“Ainda me lembro quando decidi interromper os meus estudos para trabalhar como serralheiro com ele. Nunca tive vergonha disso, aliás, hoje ensino aos meus filhos o valor da humildade e a consciência de ter de lutar por algo. Nasci em Angola, mas quando tinha dois anos e meio e me mudei para Portugal. Isso teve um impacto enorme na minha família. Nunca fomos ricos, pelo contrário, por isso, quando tinha 17, 18 anos, trabalhava. Depois o futebol entrou na minha vida, primeiro como paixão e depois como profissional, e desde então nunca mais parei”, disse o treinador, em uma entrevista recente ao jornal Gazetta dello Sport.

Como jogador, a carreira de Álvaro Pacheco teve início no fim dos anos 80, quando foi revelado pelo Felgueiras. Ainda passou por outros clubes menores, como o Fafe e o Tirsense, antes de se aposentar pelo Amarante, em 2007.

Dois anos depois de pendurar as chuteiras, iniciou a carreira de treinador. Os primeiros anos foram como auxiliar técnico, no sub-17 do Penafiel. Nesta mesma condição ainda passou por Moreirense, Boavista e até mesmo na Lituânia, no FK Jonava.

Sua primeira oportunidade como técnico principal foi em 2018, no Fafe, marcando o seu retorno ao clube por onde atuou entre 2003 e 2005. À época, a equipe estava no que equivale à quarta divisão do futebol de Portugal.

O seu grande trabalho teve início no ano seguinte, quando assumiu o Vizela, naquele momento na terceira divisão nacional, e levou o clube à elite do Campeonato Português. O trabalho chamou a atenção do Estoril, equipe em ascensão em Portugal.

A sua passagem pelo time do sul do país, porém, durou apenas 8 jogos. No início da temporasa 2023/24, Pacheco foi contratado pelo Vitória de Guimarães e deu início a uma campanha histórica com o clube da Cidade Berço.

Em 32 jogos na Liga Portuguesa, conquistou 15 vitórias, além de 6 empates e 11 derrotas, deixando o Guimarães em na tabela e com 60 pontos, a apenas 3 de quebrar um recorde histórico de pontuação do clube na competição. E só não bateu a marca porque teve o seu contrato rescindido antes da rodada final, fora de casa contra o Arouca, mas garantiu o time na próxima edição da Uefa Conference League.

Amigo de Abel Ferreira e ‘discípulo’ de Ancelotti e Klopp

Entre as curiosidades do novo comandante cruzmaltino está a sua amizade com o técnico Abel Ferreira, do Palmeiras, que foi revelado pelo Penafiel, por onde Pacheco também passou como auxiliar.

Além do futebol, os dois treinadores portugueses, que têm fotos juntos, também são parceiros de paddle, esporte com raquetes popular na Europa.

Outro técnico português com quem Pacheco também tem uma relação próxima é Luís Castro, ex-Botafogo e atualmente no Al Nassr. No ano passado, Álvaro esteve no Brasil e esteve junto do ex-técnico do Glorioso.

Durante a passagem pelo Brasil, o treinador também assistiu ao clássico entre Fluminense x Vasco, no Maracanã, pelo Campeonato Carioca de 2023.

Já em relação à sua filosofia de jogo, Pacheco se inspira em três nomes: Carlo Ancelotti, do Real Madrid, Jürgen Klopp, que está de saída do Liverpool, além do italiano Gian Piero Gasperini, da Atalanta.

“Certamente Jürgen Klopp, mas também Ancelotti e Gasperini. O estilo de jogo que adapto reflete a minha personalidade. Gosto de um futebol ambicioso e ofensivo, feito de pressão e agressividade. Gosto de fazer com que os jogadores se sintam confortáveis para que possam tomar liberdades”, disse, também à Gazzetta dello Sport.

Pacheco também é conhecido por conseguir tirar o máximo de seus jogadores, mesmo com elencos limitados. Além, como ele mesmo se define, ser uma figura paternal.

“Para os meus jogadores, sou uma figura paternal, um amigo, um confidente, mas também um treinador rigoroso que não tolera a falta de profissionalismo. Empenho, lealdade e ambição são os meus mantras. Começo o dia muito cedo, antes do pequeno-almoço, para começar a preparar o campo com a minha equipa. Gosto de ver os jogadores a chegar ao campo, para perceber como estão e o que se passa nas suas cabeças”.

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