EUA: Debate mostra que democratas precisam de novo herói – 28/06/2024 – Mundo

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A principal questão em jogo no primeiro debate entre Donald Trump e Joe Biden era a imagem —uma ironia dado que ambos os candidatos provavelmente precisam de lentes multifocais para acertar a privada ao fazer xixi.

Pesquisas mostram que, além de a corrida estar muito apertada, o eleitorado parece mais estar preocupado do que empolgado com os dois candidatos. Nesse sentido, eles tinham uma tarefa clara no debate: aliviar os temores em relação à sua aptidão mental. Biden precisava parecer afiado, e Trump, menos maluco.

O nível anda baixo. Basta acertar o vaso sanitário para vencer. Depois, você pode fazer xixi no país inteiro.

O consenso em relação ao último debate deles, em 2020, era de que Biden tinha sido o vencedor e que a preocupação dos americanos com a sua idade tinha sido ofuscada pela infantilidade de seu adversário.

Então, as interrupções frequentes (e petulantes) do republicano e suas torrentes de insultos não tiveram o mesmo impacto que em debates anteriores. Cenas como aquelas já tinham —tal qual os próprios Trump e Biden— ficado velhas.

Mas desta vez, a CNN, rede que organizou o debate, acabou fazendo um favor involuntário a Trump ao introduzir a possibilidade de mutá-lo durante o debate. Afinal, se ninguém ouvi-lo, ele não consegue fazer papel de idiota!

Se a emissora quisesse ajudar Biden com uma opção do controle remoto, deveria ter incluído um botão de rebobinar e pressionado ele até o democrata voltar a ser jovem. Infelizmente, isso resultaria em uma era em que controles remotos ainda não tinham sido inventados, e o debate teria sido veiculado por meio de desenhos toscos na parede de uma caverna.

De cara, Biden aparentou estar frágil. Andou até o púlpito com passos trôpegos e cumprimentou os moderadores com um “olá” suave, fazendo a caminhada bruta de Trump quase reconfortante por causa do contraste.

Embora as respostas de Biden provavelmente agradassem mais em termos de conteúdo, infelizmente não é isso que a política valoriza, mas a aparência. E, nesse sentido, o democrata não se deu nem um pouco bem.

Ele tropeçou nas próprias palavras, tossiu, gaguejou. Repetiu frases quando tentou repetir do princípio tópicos que claramente tinha ensaiado antes e, em alguns momentos, deixou-se levar por divagações sem sentido e difíceis de seguir.

O presidente também teve dificuldade para fazer frente às inúmeras deturpações e falsidades enunciadas por Trump, e embora tenha acusado o republicano de estar mentindo algumas vezes, nunca chegou a conseguir esclarecer qual era a verdade.

Às vezes, seu rosto era tomado pelo terror de um jeito estranhíssimo. Em outras, ele só ficava literalmente boquiaberto enquanto Trump falava, fazendo com que eu repetisse exatamente a mesma expressão.

A essa altura, mesmo as derrapadas de Trump tinham sido ofuscadas pela incapacidade de Biden de controlar a situação ou de minimamente entender o que estava acontecendo.

Trump tentou reformular uma pergunta sobre o direito ao aborto, amplamente reduzido durante seu mandato (e um dos temas em que o eleitorado mais se mostra descontente com ele, segundo as pesquisas). O republicano mentiu e pintou Biden como um defensor de abortos no terceiro trimestre, um paladino a favor do assassinato de bebês após o nascimento.

Isso me fez defender a medida para recém-nascidos de 78 anos que estão concorrendo à Presidência. Abortar Trump em seu 315º trimestre é a coisa certa a ser feita para as famílias de todo o país.

Esse deveria ter sido um momento fácil para Biden manejar, mas ele, em vez disso, tropeçou desajeitadamente nas próprias palavras até que, enfim, mudou de assunto para a imigração ilegal, uma das frentes em que é pior avaliado pela população. Cruzando a fronteira da boa estratégia em debates.

Biden então divagou sobre o Medicare, sistema de seguros de saúde gerido pelo governo dos EUA. Acabou dizendo que tinha “derrotado o Medicare”, quando evidentemente queria afirmar que o havia salvado.

Esses momentos, sem dúvida, salvaram —quer dizer, derrotaram Biden aos olhos do público. Todo o Medicare do mundo não pode consertar esse tipo de estrago.

Hollywood há muito entedia o público com reboots, novas versões das mesmas histórias, de personagens antigos. Agora, Washington está fazendo o mesmo. Se esse debate mostrou algo, é que o Partido Democrata precisa de um novo herói. Ou pelo menos um tipo o Super-Homem… não o Super-Velho.