Ester Carro une arquitetura e empreendedorismo para transformação social

Saúde e Bem-estar

Presidente do Instituto Fazendinhando, Ester entende a arquitetura como uma ferramenta de transformação social. Conheça mais sobre sua trajetória:

Ser uma mulher negra e que cresceu no Jardim Colombo, em São Paulo-SP são algumas das características de Ester Carro que também é mãe, arquiteta, empreendedora social e presidente do Fazendinhando, um instituto de transformação territorial, cultural e socioambiental que atua em favelas, e especialmente em seu bairro de origem. 

Como presidente do Instituto Fazendinhando, Ester encabeça as iniciativas do instituto que realiza a recuperação de espaços públicos degradados, reforma moradias precárias e capacita mulheres da comunidade. “Nós temos um foco para a questão da moradia, capacitação feminina na área de construção civil, mas também na gastronomia e artesanato […] e também no terceiro projeto, o Fazendinha, que é um lixão que estamos transformando em área verde”, explicou.

Segundo a empreendedora social, o instituto nasce de uma certeza de que a arquitetura é uma ferramenta de transformação social, que infelizmente foi vista como algo elitista por muito tempo, mas pode trazer melhorias na saúde, bem-estar, conforto das famílias e principalmente na dignidade dos moradores.

“Escuto de muitos moradores sobre como a sua autoestima melhorou. É muito gratificante ver o quanto a arquitetura valoriza a pessoa de alguma forma, quando a família mora em uma moradia digna, você percebe uma melhoria na saúde, nos estudos e no trabalho”.

Empreendedorismo Social 

 

Para Ester, ser empreendedora social no Brasil é um grande desafio. Segundo ela, todo o esforço para que consiga colocar em prática seus projetos precisa ser em dobro devido a sua realidade, sendo uma mulher negra, mãe e que nasceu e foi criada em uma favela. “Eu sempre tive que conquistar meu espaço, então quando a gente fala de empreendedorismo social no social no Brasil, é extremamente injusto e desigual. Quando somos periféricas, a gente não encontra com facilidade ferramentas para nosso desenvolvimento. Parece que para a gente conseguir conquistar alguma coisa, a gente precisa de um anjo salvando nossa vida”, diz.

Embora as dificuldades sejam muitas, a arquiteta já tem planos para o futuro e pretende ampliar as construções do Instituto Fazendinhando para outros territórios, lançar um livro que conte sua trajetória, assim como sua experiência com a arquitetura social, além de incentivar cada vez mais jovens (principalmente mães) a seguirem sonhando e acreditando em seu potencial.

Arquiteta, empreendedora social, mãe…. e mulher negra

A chegada da consciência racial quase no fim da faculdade, evidenciou para Ester o significado de momentos que enfrentou durante a adolescência e principalmente, na infância. “Eu confesso que se eu tivesse tido essa consciência quando criança, muita coisa teria sido diferente na minha vida porque eu sofria muito bullying”.

Ela relembra que foi agredida repetidas vezes por uma professora na escola, quando estava na 1ª série, e esses momentos só não viraram um trauma pois outros professores a incentivaram e deram apoio durante sua trajetória escolar.

Atualmente, Ester utiliza do empreendedorismo social para empoderar mulheres e transformar realidades através do Instituto Fazendinhando. “Dentro do nosso trabalho, principalmente quando a gente fala do projeto das Fazendeiras, a gente tem dado esse apoio porque a maioria das mulheres negras que estão com a gente e participam de alguma capacitação”.

Para ela, debater sobre a luta antirracista dentro do instituto é de extrema importância, e isso acontece durante as capacitações. “Nós trazemos para nossos cursos profissionais negros de referência na área para que os participantes possam se espelhar nessas histórias. E além disso, conectamos essas profissionais após o término do curso com o mercado de trabalho, sempre com a vontade de capacitar para empoderar”.