Em nome do padrão e das ‘boas práticas’, adeus ideias de guardanapo

Saúde e Bem-estar


<div style="transition: opacity 1s ease-in-out 0s;" data-rss-type="text">
<p>
<span style="font-weight: normal; display: initial;">
<span style="font-weight: normal; display: initial;">

Este conteúdo foi produzido por

</span>
</span>
<a href=" target="_blank" style="display: initial; font-weight: normal; font-style: italic;">

Fábio Deboni

</a>
</p>
<p>
<span style="display: initial;">
<br/>
</span>
</p>
</div>
<div style="transition: opacity 1s ease-in-out 0s;" data-rss-type="text">
<p style="line-height: 1.38;">
<span style="display: initial; font-weight: normal;">

Eu sou uma dessas pessoas que apostam em ideias mirabolantes de guardanapos. Apenas ideias, sem modelos de negócio, sem detalhamentos, sem pitch ensaiado. Apenas uma ideia nua e crua, com certo ar de promissor. Embora o guardanapo esteja longe de possuir os requisitos do que entendemos como projeto, não seria aí que deveria entrar em cena a inspiração e o tão batido "pensar fora da caixa"?

</span>
</p>
<p style="line-height: 1.38;">
<span style="display: initial; font-weight: normal;">

 

</span>
</p>
<p style="line-height: 1.38;">
<span style="display: initial; font-weight: normal;">

Por sinal, evocamos tanto essa expressão, mas justificativas não faltam para colocá-la pouco em prática, não é? Todos estamos às voltas com mil projetos, mil demandas e uma pilha de requisitos cada vez mais complexos para manter nossas organizações funcionando. Ao que dizem, nos tempos atuais, não basta apenas manter a organização existindo, é preciso expandi-la, escalá-la. Que coisa.

</span>
</p>
<p style="line-height: 1.38;">
<span style="display: initial; font-weight: normal;">

 

</span>
</p>
<p style="line-height: 1.38;">
<span style="display: initial; font-weight: normal;">

Isso tem me feito pensar sobre como tem faltado espaços menos planejados, conversas menos estruturadas, onde podemos simplesmente nos deparar com ideias de guardanapo, sem pitch ensaiado, sem pirotecnia.

</span>
</p>
<p style="line-height: 1.38;">
<span style="display: initial; font-weight: normal;">

 

</span>
</p>
<p style="line-height: 1.38;">
<span style="display: initial; font-weight: normal;">

Tá bom, mas onde quero chegar com esse papo?

</span>
</p>
<p style="line-height: 1.38;">
<span style="display: initial; font-weight: normal;">

Em duas direções, pelo menos.

</span>
</p>
<p style="line-height: 1.38;">
<span style="display: initial; font-weight: normal;">

 

</span>
</p>
<p style="line-height: 1.38;">
<span style="display: initial; font-weight: normal;">

A primeira direção é refletir sobre o descompasso entre o discurso da inovação e sua aplicação no terceiro setor. Sim, aquela inovação que é prima-irmã da criatividade e que sempre foi abundante por aqui. Prima-irmã do improviso, da habilidade em operar com recursos escassos. Afinal, quem nunca se deparou com essa situação?

</span>
</p>
<p style="line-height: 1.38;">
<span style="display: initial; font-weight: normal;">

 

</span>
</p>
<p style="line-height: 1.38;">
<span style="display: initial; font-weight: normal;">

Em tempos recentes, temos nos aproximado cada vez mais do mundo das startups, tentando adotar seus princípios de errar rápido, experimentar e prototipar. Sem dúvida, eles têm trazido contribuições interessantes para o terceiro setor e aparentemente vieram para ficar. No entanto, na minha opinião, a realidade é que, mesmo que invoquemos cada vez mais a linguagem das startups, ainda estamos presos à lógica de operar por projetos, buscando constantemente por editais e, consequentemente, limitados ao que o financiador deseja apoiar. Alguém já viu algum edital que aceite ideias concebidas em guardanapos?

</span>
</p>
<p style="line-height: 1.38;">
<span style="display: initial; font-weight: normal;">

 

</span>
</p>
<p style="line-height: 1.38;">
<span style="display: initial; font-weight: normal;">

A segunda direção diz respeito à perspectiva do financiador. Aqueles que fornecem financiamento buscam projetos bem estruturados, com formulários completos, certidões e conformidade. Sem esses elementos, é difícil ter sucesso. Em outras palavras, sem eles, suas opções se tornam bastante limitadas.

</span>
</p>
<p style="line-height: 1.38;">
<span style="display: initial; font-weight: normal;">

 

</span>
</p>
<p style="line-height: 1.38;">
<span style="display: initial; font-weight: normal;">
<span style="display: initial; font-weight: normal;">

Mesmo dentre financiadores com recurso mais paciente e, portanto, potencialmente mais abertos a financiar ideias de guardanapo (leia-se: filantropia), as placas tectônicas deste setor parecem se mover em direção ao aumento no nível de controle, com mais exigências, em nome do compliance. 

</span>
</span>
</p>
<p style="line-height: 1.38;">
<span style="display: initial; font-weight: normal;">

 

</span>
</p>
<p style="line-height: 1.38;">
<span style="display: initial; font-weight: normal;">

Chegamos, portanto, ao dilema de Tostines.

</span>
</p>
<p style="line-height: 1.38;">
<span style="display: initial;">
<br/>
</span>
</p>
<p style="line-height: 1.38;">
<span style="display: initial; font-weight: normal;">

Será que faltam ideias mirabolantes porque não há quem as financie?

</span>
</p>
<p style="line-height: 1.38;">
<span style="display: initial;">
<br/>
</span>
</p>
<p style="line-height: 1.38;">
<span style="display: initial; font-weight: normal;">

Ou será que faltam financiadores estimulando ideias mirabolantes no 3º setor?

</span>
</p>
<p style="line-height: 1.38;">
<span style="display: initial;">
<br/>
</span>
</p>
<p style="line-height: 1.38;">
<span style="display: initial; font-weight: normal;">

Façam suas apostas.

</span>
</p>
<p style="line-height: 1.38;">
<span style="display: initial;">
<br/>
</span>
</p>
<p style="line-height: 1.38;">
<span style="display: initial; font-weight: normal;">

Antes de concluir, é importante fazer uma rápida observação.

</span>
</p>
<p style="line-height: 1.38;">
<span style="display: initial;">
<br/>
</span>
</p>
<p style="line-height: 1.38;">
<span style="display: initial; font-weight: normal;">

Sim, a criatividade ainda existe, assim como a habilidade de operar com recursos escassos e viabilizar ideias mirabolantes no setor. Se houvesse uma abertura maior por parte dos financiadores, certamente veríamos um desfile de excelentes ideias surgindo de guardanapos.

</span>
</p>
<p style="line-height: 1.38;">
<span style="display: initial;">
<br/>
</span>
</p>
<p style="line-height: 1.38;">
<span style="display: initial; font-weight: normal;">

No entanto, assim como perdemos a biodiversidade, também perdemos novas ideias antes mesmo de conhecê-las, simplesmente porque elas não se enquadram nos requisitos considerados padrão no setor.

</span>
</p>
<p style="line-height: 1.38;">
<span style="display: initial;">
<br/>
</span>
</p>
<p style="line-height: 1.38;">
<span style="display: initial; font-weight: normal;">

Em nome do padrão, a inovação se despede. Em nome do compliance e das "boas práticas", ideias promissoras de guardanapo são deixadas de lado.

</span>
</p>
<p style="line-height: 1.38;">
<span style="display: initial;">
<br/>
</span>
</p>
<p style="line-height: 1.38;">
<span style="display: initial; font-weight: normal;">

E assim, todos perdemos.

</span>
</p>
<p>
<span style="display: initial;">
<br/>
</span>
</p>
<p style="line-height: 1.5;">
<span style="display: initial;">
<br/>
</span>
</p>
</div>