É preciso entender a África como constitutiva do Brasil, diz Tiganá Santana

Esportes

Tiganá acaba de lançar seu sétimo álbum, Caçada Noturna, consolidando um trabalho de compositor e intérprete de canções que mergulham na experiência de sensibilidade e delicadeza, por vezes conduzindo à atmosfera de espiritualidade da ancestralidade afro-brasileira.

Para isso, suas criações têm a força poética alicerçada em diferentes idiomas dos povos do mundo, sem se esgotar nos hegemônicos (inglês, francês, espanhol e português), mas também nas múltiplas sonoridades de línguas africanas como o Kikongo e o Kimbundu.

Primeiro artista brasileiro a compor em línguas africanas

Tiganá é pioneiro em compor nessas línguas matriciais que reverenciam as origens dos povos negros que formaram o Brasil, e que ainda estão preservadas em manifestações culturais e religiosas, e também foram incorporadas aos falares cotidianos brasileiros.

“Essas línguas são absolutamente constitutivas do Brasil e se fazem presentes no léxico de caráter substitutivo. Por isso aqui ninguém fala dormitar, como os portugueses, e sim, cochilar, e nem chamamos o filho mais novo de benjamim, mas de caçula”, exemplifica Tiganá, em entrevista à coluna.

Na exposição, o público se surpreenderá com a quantidade de palavras de origem bantu que fazem parte dos diálogos cotidianos dos brasileiros, como minhoca, bunda, xingar, marimbondo, dendê, canjica, além das já citadas cochilar e caçula.