Direita vence em Portugal com racismo e xenofobia que a esquerda não barrou

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Eles, que foram em busca de qualidade de vida, trabalho e segurança, encontram também nas terras lusitanas um forte discurso anti-imigração, falas xenofóbicas e atitudes racistas. No ano passado, segundo dados da Comissão para Igualdade e Contra a Discriminação Racial do Governo de Portugal, as denúncias de xenofobia contra imigrantes brasileiros cresceram mais de 500% em relação a 2022.

Diante disso, são cada vez mais comuns as notícias de brasileiros sendo humilhados no país europeu, em especial as mulheres, com flagrantes filmados e compartilhados nas redes sociais.

O mesmo acontece com os imigrantes de outras nacionalidades e também os ciganos portugueses. Soma-se aos casos de xenofobia a violência policial no país, especialmente nas comunidades de maioria negra, como os bairros na periferia habitados por imigrantes de origem africana e seus descendentes nascidos em Portugal. Tal qual o Brasil, os jovens negros são os principais alvos da brutalidade policial por lá.

Confusão entre racismo e xenofobia para despolitizar o problema

Diferente do Brasil, que nos últimos anos e, especialmente no governo Bolsonaro, explicitou os discursos discriminatórios contra negros, indígenas e nordestinos de forma desvelada e agressiva, Cristina Roldão diz que, em Portugal, apesar do racismo e preconceito serem evidentes, ainda são mascarados. “É uma narrativa que prega que não é contra toda a imigração, mas contra a imigração desregulada, ou seja, pessoas que vêm pra cá e não querem trabalhar”.

Ela também cita que os portugueses acreditam que o colonialismo português foi brando no Brasil e nas colônias africanas. Ou seja, uma colonização de mestiçagem, valendo-se da teoria do lusotropicalismo, que destaca a empatia, proximidade e até afeição que os colonizadores portugueses demonstravam perante os colonizados: o antiquado mito da democracia racial difundido no Brasil pelo autor Gilberto Freyre, da obra Casa Grande e Senzala (1933).