Dev Patel faz boa estreia na direção com Furia Primitiva

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Nesse ponto fica claro que a intenção de Dev Patel não é reinventar a roda, e sim reconstruí-la de acordo com sua sensibilidade. O Homem-Macaco vai perceber que sua busca por vingança é menos importante que os anseios de uma sociedade esmagada pela tirania, e aos poucos renasce como uma força para os oprimidos. O caminho entre os dois vértices, contudo, é pavimentado com violência extrema.

Usar os punhos é uma forma criativa para contar uma história que, afinal, representa a luta de classes. Todo o subtexto da realidade brutal na Índia se manifesta na forma de sequências de ação que disfarçam bem a precariedade de recursos da produção.

Quando “Fúria Primitiva” pisa no acelerador, o espetáculo não é elegante e preciso como em “John Wick”, trazendo mais semelhanças com as explosões de fúria em “Oldboy” ou a energia cinética de “Operação: Invasão”.

Como cineasta de primeira viagem, falta a Dev Patel a maturidade para encontrar seu foco narrativo, que aqui demora a engrenar. Ainda assim, sua honestidade apaixonada como contador de histórias — e sua dedicação física e espiritual como protagonista— revela uma fagulha que merece ser alimentada.

“Fúria Primitiva” pode não revolucionar o cinema de ação, mas traz estilo, personalidade e energia criativa aos baldes. Belíssima estreia de um diretor que precisamos ficar de olho.