Mas parte dos candidatos não faz ideia do que dizer sobre mudanças climáticas. Evitam falar de medidas que podem soar impopulares com seus públicos — como a remover famílias de áreas de risco e dizer não ao comportamento predatório de setores da agricultura, do extrativismo vegetal, da indústria petrolífera, do setor imobiliário, que trabalham sob a lógica do “o clima mudou, mas ainda dá tempo”.
E, claro, há aqueles que defendem que mudanças climáticas não existem, espécie similar àquela que atesta que a Terra tem o formato de uma pizza.
Retirar a população de um local, com antecedência, e recoloca-la em outro, de forma decente e digna; melhorar uma comunidade para evitar inundações e deslizamentos; efetivar políticas de moradia que construam casas em locais fora de risco; atualizar o levantamento de áreas de risco e o desenvolvimento de protocolos de retirada; adotar sistemas de alertas decentes, emitidos dias antes são ações conhecidas que deveriam ser providenciadas pelos poderes municipal, estadual e federal.
Ao mesmo tempo, governos têm ignorado em seus planejamentos os estudos que mostram que a alteração do clima já afetou, de forma definitiva, nosso regime pluviométrico. Sim, não existe o “choveu mais que a média histórica” porque a média história não serve mais de comparação. E preferido jogar para a população o preço, econômico e social, dessa incompetência ao invés de reduzir de forma eficaz a emissão de gases de feito estufa, combater o desmatamento e nos preparar para o pior, porque o pior já está vindo.
Como, por exemplo, reforçando estruturas, como barragens, pontes e rodovias. Pois, para o novo clima, a impressão é que esse Brasil despreparado é feito de manteiga.
Eventos extremos como esses não apenas vão continuar acontecendo e matando nos próximos anos, como ficarão mais frequentes. Não significa que grandes tempestades não ocorreriam sem o aquecimento global, mas a frequência delas passa de séculos ou décadas para anos. Eventos que afetam a todos, mas tiram a vida principalmente dos mais pobres por viverem de forma mais precária, nos piores locais das encostas de morros ou nas várzeas e fundos de vale.