Cid diz à PF que entregou dinheiro de joias a Bolsonaro em Nova York

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Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid disse à Polícia Federal que teria entregado uma parte do dinheiro da venda das joias em mãos ao ex-presidente durante uma viagem oficial a Nova York.

Os recursos teria sido entregues em espécie em setembro de 2022, quando Bolsonaro estava na cidade americana para fazer aquele que seria seu último discurso como presidente brasileiro na Assembleia-Geral da ONU.

O dinheiro, de acordo com o relato de Cid à PF, seria referente a relógios de luxo recebidos por Bolsonaro de autoridades estrangeiras e vendidos pelo próprio tenente-coronel nos Estados Unidos em 2022.

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Joias entregues por Bolsonaro à União

Divulgação/Defesa Bolsonaro

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Joias foram presente da Arábia Saudita a Michelle Bolsonaro

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Estojo entregue ao ex-presidente Bolsonaro contendo kit com relógio com pulseira em couro, par de abotoaduras, caneta rosa gol, anel e um masbaha rose gold, todos da marca suíça Chopard

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Joias sauditas apreendidas no Aeroporto de Guarulhos com comitiva do presidente Jair Bolsonaro, em 2021

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Receita não liberou joias trazidas ao Brasil pelo governo Bolsonaro

Reprodução/Twitter do ministro Paulo Pimenta

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Joias foram apreendidas pela Receita Federal em São Paulo

Reprodução/Twitter do ministro Paulo Pimenta

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Bolsonaro e joias sauditas

PR e Reprodução

Segundo fontes da PF, o ex-ajudante de ordens contou que os relógios teriam sido vendidos por cerca de US$ 68 mil e que o dinheiro da venda foi depositado em uma conta do pai dele, o general da reserva Mauro Lourena Cid.

À época, o general reformado morava em Miami, onde ele comandou o escritório da Apex (Agência Brasileira de Promoção e Exportações e Investimentos) durante o governo Bolsonaro.

Aos investigadores, Mauro Cid contou que, após a venda dos relógios, seu pai teria sacado os US$ 68 mil de forma parcelada, porque o limite para os saques nas máquinas de caixa eletrônico seria baixo.

Com parte do dinheiro em mãos, Lourena Cid teria viajado em setembro de 20222 de Miami a Nova York. Na cidade, encontrou com o filho, que acompanhava Bolsonaro na viagem oficial para o evento da ONU.

À Polícia Federal, o ex-ajudante de ordens relatou que teria recebido parte do dinheiro da venda dos relógios das mãos de seu pai e repassado os dólares em espécie diretamente para Bolsonaro em Nova York.

A versão foi dada por Mauro Cid na série de depoimentos que ele deu à Polícia Federal ao longo dos últimos meses e reforçada pelo ex-ajudante de ordens na oitiva ocorrida na terça-feira (18/6).

Ao investigadores Cid disse que, na reta final do governo, o próprio Bolsonaro teria pedido para vender alguns presentes que considerava de seu acervo pessoal e que, por isso, achava que poderiam ser comercializados.

Cid: Bolsonaro recebeu parte do dinheiro em Orlando

Nos depoimentos, Cid disse ainda à PF que outra parte do dinheiro da venda dos relógios teria sido entregue ao ex-presidente já em 2023 em Orlando, cidade americana onde Bolsonaro se refugiou após deixar o governo.

Os recursos, segundo o relato de Cid, teriam sido entregues por seu pai ao segundo-tenente Osmar Crivelatti, que foi ajudante de ordens de Bolsonaro no Planalto e continuou como assessor dele após o término do governo.

Crivelatti, então, teria sido o responsável por repassar o dinheiro, também em espécie, a Bolsonaro em Orlando. O ex-presidente ficou nos Estados Unidos de 30 de dezembro de 2022 até 29 de março de 2023.

Defesa de Bolsonaro nega

Procurado, o advogado e assessor de imprensa de Bolsonaro, Fábio Wajngarten, disse à coluna que o ex-presidente nega com veemência ter mandado vender ou recebido dinheiro da suposta venda de joias.

Para Wajngarten, Mauro Cid foi pressionado a fechar o acordo de delação premiada com a PF porque estava preso à época, sem poder sequer receber familiares. “Quem acusa tem que provar”, afirmou o advogado.

O assessor sustentou ainda que Bolsonaro não costumava ter acesso aos presentes que recebia no exterior. Prova disso, diz, seriam os dois conjuntos de joias trazidos por uma comitiva do ex-ministro Bento Albuquerque.

Conforme o jornal o Estado de S. Paulo noticiou em março de 2023, a comitiva tentou entrar no Brasil em outubro de 2021 com dois conjuntos de joias enviados pelo governo da Arábia Saudita a Bolsonaro.

Os estojos foram transportados em mochilas de assessores do então ministro. Um deles passou sem ser percebido pelas autoridades. Já o outro foi apreendido pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos.

Segundo Wajngarten, Bolsonaro só teria tomado conhecimento dos dois conjuntos 14 meses depois. “Se os dois conjuntos tivessem passado, será que teriam chegado até o presidente?”, questionou o assessor.