Brasil pode enfrentar segunda epidemia de dengue este ano

Saúde e Bem-estar

A atual onda de casos da dengue dá sinais de declínio, mas o Ministério da Saúde prevê que o Brasil pode enfrentar uma nova epidemia nos últimos meses do ano

21 mai
2024
– 04h30

(atualizado às 04h45)

Após 5 milhões de casos de dengue e 2,8 mil mortes em decorrência da doença, a atual epidemia da dengue perde força e caminha para o seu fim. No entanto, é possível que o Brasil enfrente outra onda de surtos ainda este ano, segundo previsão do Ministério da Saúde. Se a projeção se confirmar, os casos da arbovirose devem aumentar novamente nos últimos meses do ano e se prolongar até maio do ano que vem.



Foto: James D. Gathany/CDC / Canaltech

Passados apenas cinco meses do começo de 2024, já é possível afirmar que o país nunca registrou tantos casos da doença transmitida pelo mosquito da dengue (Aedes aegypti), desde o início da série histórica nos anos 2000. Até então, o recorde de casos era de 2015, com 1,68 milhão de casos.

Apesar das novas tecnologias em fase de implementação, como as vacinas e os mosquitos wolbachia, o cenário brasileiro em relação à dengue tem diferentes causas, incluindo as mudanças climáticas. 

Com as inúmeras ondas de calor e aumento das temperaturas médias, as condições favoráveis para a proliferação do mosquito são mantidas por um período maior de tempo, o que pode implicar em mais transmissões e em mais doentes. Por isso, as medidas de prevenção, como evitar o acúmulo de água parada, devem ser adotadas ao longo do ano todo, independente de ser verão ou não.

Nova epidemia de dengue?

Apesar da queda na tendência de casos da dengue, o Ministério da Saúde já começa a se preparar para a possibilidade de que a curva de casos volte a subir no final do ano, como explicou Ethel Maciel, secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente da Pasta, em coletiva de imprensa.

“Nós também já estamos [trabalhando] com o nosso grupo que faz essa modelagem [dos casos de dengue no país], o InfoDengue, com a possibilidade de que haja uma antecipação dessa epidemia de 2025 no final de 2024”, afirmou a secretária Maciel, na última semana.

Para definir todo o plano de enfrentamento contra a dengue 2024/2025, foi organizada a “Oficina Internacional sobre Arboviroses”. Neste encontro, diferentes pesquisadores debateram o que funcionou no combate aos mosquitos e novas estratégias de controle. 

 

Após a elaboração desse novo “plano de enfrentamento para o novo período epidêmico no Brasil”, que ainda está em processo, Ethel explica que “a próxima etapa é a pactuação com o Conass [Conselho Nacional de Secretários de Saúde] e o Conasems [Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde] para que possamos já iniciar a implementação desse plano de enfrentamento em 2024”.

Cabe destacar que, se a previsão se confirmar, não será inédito na história brasileira a antecipação do cenário epidemiológico da dengue no Brasil. Em 2023 e 2024, isso já aconteceu. Em outras palavras, a alta de casos foi observada antes do mês de maio, considerado historicamente de alta. Em breve, mais detalhes dessa estratégia deverão ser anunciados.

Dengue no Brasil

Conforme o Painel de Arboviroses nesta segunda-feira (20), o Brasil já registrou 5,1 milhões de casos prováveis de dengue. Além disso, são 2,8 mil óbitos confirmados e outros 2,7 mil em investigação. Inclusive, já se confirmou o pior dos cenários para a doença apontada pelo próprio Ministério da Saúde, em janeiro deste ano.




Brasil pode enfrentar outra epidemia de dengue este ano, segundo estimativa do Ministério da Saúde (Imagem: DC_Studio/Envato )

Brasil pode enfrentar outra epidemia de dengue este ano, segundo estimativa do Ministério da Saúde (Imagem: DC_Studio/Envato )

Foto: Canaltech

Em contrapartida, é fato que pelo menos a primeira epidemia de dengue este ano está no seu fim. Os dados nacionais indicam que nenhum estado apresenta tendência de aumento. Por enquanto, apenas dois estados ainda têm tendência de estabilidade: Maranhão e Mato Grosso. Fora isso, o resto do Brasil está em tendência de queda. 

Até o momento, não se sabe como a tragédia no Rio Grande do Sul irá impactar o número de casos — se as temperaturas baixarem, a probabilidade de surtos deve ser baixa, já que esse cenário não é favorável para a proliferação do mosquito da dengue.

Fonte: Painel de Arboviroses  

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