‘Acho que não fiz nada anormal’

Esportes

No começo de 1976, o Palmeiras disputou três amistosos no Parque Antarctica. No terceiro deles, contra a Portuguesa, tentei me antecipar ao Enéas e sofri uma distensão feia na virilha. Quando cheguei em casa, falei para a minha esposa, Maria Helena, que ia parar. Ela caiu no choro.

O Dino Sani, que era o treinador do time, me convidou para ser auxiliar técnico. Via os jogos dos nossos adversários e fazia um relatório com os pontos fortes e fracos. Alguns meses depois, contudo, o Dino teve um desacerto com a direção e largou tudo. A bomba estourou na minha mão.

A equipe vinha sofrendo muitos gols, então minha primeira missão foi arrumar a cozinha. Troquei o Didi, que era um meio-campista técnico, pelo Pires, um volante marcador. Devagarzinho, a defesa foi se firmando, o grupo ganhou confiança e conquistamos o Campeonato Paulista.

Treinei o time até agosto de 1977. Voltei a trabalhar no clube outras duas vezes, uma delas como auxiliar do professor Telê Santana. Costumo dizer que nunca saí do Palmeiras porque esse clube nunca saiu do meu coração.

O Palmeiras representa tudo para mim, pois me transformou em quem sou hoje. Às vezes, algum amigo me diz que, se eu jogasse hoje em dia, ficaria rico. Mas dinheiro não é tudo, né? O futebol me deu amizades, me ensinou a respeitar o próximo, me fez valorizar o sentimento do torcedor.

Comemorei 80 anos no dia 7 de novembro, graças a Deus, com muita saúde. Às quartas, sextas e sábados, trabalho na escolinha de futebol do Grêmio Esportivo Campo Grande, um time de várzea onde sou muito benquisto por todos. Eu vou até lá porque me sinto bem vendo a molecada jogar. O campo foi, e ainda é, a minha vida.

**