a manipulação emocional que dificulta o término

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Afinal, no final de semana passado, eles foram juntos visitar um irmão dela, uma demonstração clara da disponibilidade dele, já que na época do namoro ela reclamava da má vontade dele em participar dos eventos familiares dela. Chegaram a passear pelo condomínio fazendo conjecturas sobre como seria interessante morarem lá.

Há quase 1 ano que eu acompanho Susana na tentativa de se desvencilhar dessa relação, mas é assim: toda vez que ela se afasta, ele aparece, deixando a possibilidade do retorno quase explicita. Ela passa horas tentando traduzir as suas palavras e checa comigo a intenção dele sobre o que quis ou não dizer. Como quando ele mandou uma mensagem falando que estava com saudades e que as vezes pensava que morar junto com ela seria a solução…para depois de 5 minutos mandar um “se empolga não”.

Noutro dia, quando ela estava mais segura de que o afastamento precisava acontecer para se livrar desse enredamento emocional, ele manda, do nada, uma notícia sobre um casamento surpresa que amigos haviam preparado para os noivos, que haviam adiado a cerimônia.

Embora o meu trabalho esteja focado em ajudar que ela compreenda suas emoções e não as dele, eu confesso que tem horas que eu preciso respirar fundo para não transparecer o incômodo de testemunhar o tamanho da manipulação emocional. Eu tomo o maior cuidado da vida para não ser parcial, olhar para o todo e não julgar: meu foco está na dinâmica que a pessoa estabelece, mas eu não sou de ferro. Eu fico com aquele olhar do tipo: Você tá entendendo, né, querida? Vamos fazer o quê com essa realidade aí?

É claro que não tem só ele nessa história. Óbvio. É uma dinâmica retroalimentada. Tenho certeza que a terapeuta dele, lá do outro lado, tá com a mesma impressão que eu, do lado de cá.

Ela alimenta essa relação, assumindo o lugar da mulher que luta para ser finalmente escolhida. Um papel aprendido, que encontra ressonância na história da própria família. A mãe de Susana vive perseguida pelo fantasma da infidelidade do marido, pai dela. As possibilidades de traição que aconteceram anos antes rondam o seu imaginário diariamente, promovem brigas e são o motivo para a mãe dela ficar no encalço do pai. Mas essa mãe sofredora, que vive vociferando problemas com o marido é a mesma que passa as noites fazendo sexo com ele. Susana entendeu que, as relações podem ser verdadeiramente contraditórias e se viu na mãe.